Um dia antes de terminar o prazo combinado, integrantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) começaram a desocupar terreno público localizado no Jardim Alvorada, em Santo André, na manhã de ontem. Representantes do movimento social entraram em acordo com a Prefeitura para que a saída das 2.500 famílias acampadas na área desde 9 de julho seja concluída até hoje, sem necessidade de reintegração de posse e ação policial.

A equipe do Diário acompanhou a saída das famílias, que foi pacífica, mesmo com a presença da GCM (Guarda Civil Municipal) de Santo André para garantir a segurança no local. Sob o clima de comoção e esperança, o grupo desmontava os barracos e limpava o terreno em que viveu por um mês. Agora, as famílias terão de voltar ao aluguel ou se hospedar em casas de familiares e amigos. Os que não possuem moradia serão transferidos para outras ocupações do MTST na Região Metropolitana do Estado.

Emocionado, Rômulo Lima Oliveira, 25 anos, desmontava o barraco que ergueu para a família. “A gente vive de esperanças. Só quem mora embaixo de plástico entende o que passamos”, salienta. Com dois filhos e desempregado, Oliveira voltará para o aluguel, embora o pagamento esteja atrasado. “Terei de dar um jeito, mas não há oportunidade de trabalho.”

PROTESTO

O grupo promete realizar protesto pacífico hoje, após a remoção completa das famílias do acampamento. “Estamos sempre dispostos a negociar. Vamos às ruas para mostrar que a luta continua”, ressalta o coordenador do movimento, Zelídio Barbosa, 38.

“A grande maioria vive de aluguel e veio para cá em busca da casa própria. Mas ainda há pessoas que não têm para onde ir”, comenta o integrante do MTST Joel Santos de Carvalho, 29. “Vamos garantir que todos os necessitados sejam amparados e vamos persistir na luta pelo nosso objetivo.”

Durante audiência realizada na 2ª Vara da Fazenda Pública de Santo André, no dia 3, a administração municipal se comprometeu a dar apoio técnico às famílias em empreendimentos habitacionais do programa Minha Casa, Minha Vida.

Conforme o Diário noticiou na última semana, Santo André possui atualmente deficit de 46.301 moradias, uma vez que a administração municipal só possui projetos em curso para a construção de 17.872 unidades.