Criado em 1932, o movimento Frente Negra surgiu para fomentar a participação dos negros no contexto político, cultural e social da época. Mas aí veio o golpe: em 10 de novembro de 1937, Getúlio Vargas proclamou o Estado Novo e extinguiu não só esta como toda organização política vigente.

A fim de passar um pouco desta história, a Cia. Pessoal do Faroeste apresenta hoje e amanhã o espetáculo musical Luz Negra, no Teatro Elis Regina, em São Bernardo. A direção artística é de Paulo Faria. “A peça se passa no dia em que Getúlio fecha o Congresso e caça todos os partidos políticos, inclusive a Frente Negra. Contamos isso com um samba, por meio da rádio Luz Negra, e prestamos uma homenagem também a Luiz Gama (considerado o maior abolicionista do Brasil)”, explica Paulo.

Uma associação de comunicação (rádio, jornal, escola e recreativo) será o cenário onde se dará a trama. Os negros fazem parte do núcleo de uma elite intelectual paulistana e os brancos, da marginália social. Recupera-se, assim, a imagem do negro no topo de uma pirâmide social deste período, e como o fim da década de 1930 ceifou a possibilidade da acessibilidade do negro no Brasil de hoje e suas consequências na distribuição de renda, assim como sua permanência marginal nas geografias urbana, social e econômica da cidade de São Paulo.

E, por se tratar do tema ‘golpe’, impossível não traçar paralelo com a situação atual do País. “A gente criou a peça há dois anos, mas tem sido muito oportuno trazer esse tema, porque é imediata a associação ao golpe que estamos vivendo no Brasil. Quando tem os empresários por trás desses políticos, que querem retroceder os benefícios de trabalho, coloca em risco todo o avanço que tivemos com a volta da democracia na década de 1980. É assustador”, analisa o diretor.

> Luz Negra – Teatro. Teatro Elis Regina (Avenida João Firmino, 900). Hoje e amanhã às 20h. Gratuito.