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Eu quero ser bilíngue
Nayara Fernandes
Especial para o Diário
01/08/2010 | 07:29
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What is your name? Com certeza já deve ter ouvido essa pergunta. Henrique Beltrame, 8 anos, de Santo André, sabe bem seu significado (qual é o seu nome?, em português). Durante um passeio pelo Nordeste, conheceu um menino da Inglaterra e passou a pedir para seus pais que queria estudar inglês. "Como um não entendia o que o outro falava, fazíamos mímica para poder brincar juntos", conta.

Mas esse não é o único idioma que ele fala. Na escola, Henrique começou a se dedicar mais às aulas de espanhol depois que conheceu, numa viagem de navio, uma moça que falava espanhol. "Achei muito legal."

Com apenas 9 anos, Paola Savordelli Pinotti, de São Bernardo, já sabe que aprender um outro idioma é muito importante para o futuro. "Quero ser médica ou atriz, ainda não decidi, mas preciso saber falar outras línguas para poder me comunicar quando for viajar e conhecer pessoas de outros países ", diz. Ela faz aulas de inglês há dois anos e agora quer estudar francês, seu idioma favorito.

Paola foi incentivada pelos pais, mas a decisão sempre foi dela. "É a criança que deve querer aprender", afirma Maria Letícia Nascimento, da Faculdade de Educação da USP. A professora lembra que é bom quando há um motivo para isso. "Se é para se comunicar com um amiguinho, por exemplo, torna-se melhor ainda."

A mãe de Caiam Mesquita, 10, de São Caetano, ficou surpresa quando o filho pediu para fazer aulas de mandarim (idioma da China). "Senti vontade depois que percebi que a maioria dos brinquedos é fabricada na China e assisti às Olimpíadas que foram lá em 2008", conta. Para Caiam, que já está no segundo ano do curso e também estuda inglês, difícil mesmo é conseguir fazer direitinho os ideogramas (espécie de desenhos que representam as palavras). "Tem de fazer o risco direitinho; se muda algo, eles entendem outra coisa."

Mas ninguém deve estudar outro idioma só para agradar os pais. Tem de fazer isso porque quer e gosta. "Assim é que aprendemos", afirma a professora Letícia.

Qual é a melhor hora?
O que é melhor: estudar desde pequeno em escola que usa dois idiomas; entrar num curso de línguas já na primeira série do Ensino Fundamental; ou deixar para um pouquinho mais tarde, lá pelos 10 anos? A resposta não é tão simples. Nem os especialistas têm a mesma opinião.

A hora certa para isso é quando a gente tem vontade de aprender, segundo a professora Maria Letícia Nascimento, da USP. Mas há quem garanta que quanto mais cedo melhor. Na opinião do neurocientista Rodrigo Collino, a melhor fase da vida para aprender um segundo idioma é nos primeiros anos da infância. Nesse período, o cérebro está em pleno desenvolvimento e pronto para receber novas informações.

No entanto, o que vale é decidir tudo em família, independentemente da idade. O mais importante é lembrar que não se pode aprender nada por obrigação. O processo de aprendizado deve ser legal e prazeroso.

Dá para aprender na TV
Assistir a vídeos em outro idioma ou tirar a legenda é uma forma divertida de aprender. Há ainda desenhos legais que também ensinam. Prepare a pipoca e ligue a TV. Confira:

Ni Hão, Kai-lan (Nickelodeon, de segunda a sexta, às 8h) ensina palavras e expressões em mandarim, idioma falado pelos chineses. A personagem Kai-lan Chow canta e brinca sempre ensinando coisas diferentes.

Dora, a Aventureira (Nickelodeon, de segunda a sexta, às 8h30; e TV Cultura, de segunda a sexta, às 10h). Dora traz as aventuras de uma garotinha que fala português e usa algumas palavras em inglês para se comunicar com o macaco Botas.

Wordword (Discovery Kids, de segunda a sexta, às 8h30) fala sobre um grupo de bichinhos, cujos nomes são em inglês, que utilizam o poder das palavras para enfrentar divertidos desafios.

Em casa também
Muita gente não precisa fazer curso para falar um outro idioma; aprende, aos poucos, se comunicando com parente de outra nacionalidade. Foi assim com Alexandre Gaspar, 12, de São Bernardo, cuja avó é chilena e cuidava do neto quando ele era pequeno. "Como ela não falava nada em português, conversava comigo em espanhol (língua do Chile) e acabou me ensinando", diz. Aos poucos, a avó aprendeu português e, desde então, a família se comunica nas duas línguas. "Falo, entendo e escrevo bem. Quando fui ao Chile, consegui conversar com todos", conta.

O mesmo aconteceu com Letícia Takahara, 12, de Santo André, neta de japoneses. Aprendeu o idioma da família junto com o português. "Com o tempo, aumentou meu interesse. Agora até canto em japonês nos concursos de karaokê."

Estudos mostram que, desde os primeiros meses, o cérebro do bebê está preparado para aprender; por isso, quem cresce ouvindo mais de um idioma consegue falar muito bem o do país onde mora e o outro. "O cérebro vai ouvir e processar a informação aos poucos. Quanto mais treinar, melhor se comunicará", explica o neurocientista Rodrigo Collino.

Tudo por causa da globalização
Diz-se que é importante aprender outro idioma porque a Terra está mais globalizada. Isso significa que, cada vez mais, um país está negociando com outro. Com a internet, tudo ficou mais fácil, sem contar que - mesmo fora do mundo dos negócios e da ciência -, é possível acessar todo tipo de informação e se comunicar com pessoas de todos os lugares.

O inglês sempre foi e continuará sendo o idioma mais utilizado para conversação entre os países. O espanhol também é usado para isso. Mas o mandarim surge como uma das línguas do futuro, porque a China está se tornando um dos maiores fabricantes de mercadorias do planeta, querendo vender o que produz para todos. Mas você não precisa pensar nisso agora. O legal de saber outro idioma é poder falar com pessoas de nacionalidades diferentes, ler livros e gibis em outro idioma, assistir a filmes e ter acesso a toda informação.

Confira as escolas gratuitas de idiomas
No Brasil, as escolas são obrigadas a ensinar, a partir do 6º ano, pelo menos uma língua estrangeira. E as unidades de Ensino Médio devem ter também aulas de espanhol; mas o aluno só frequenta se desejar.

Os alunos da rede estadual de São Paulo podem fazer cursos de idiomas nos Centros de Estudos de Línguas. Para concorrer à vaga é preciso estar cursando a partir do 7º ano do Fundamental. A inscrição e em janeiro e julho. Confira os locais:

EE Amaral Wagner (Rua dos Aliados, 332, tel.: 4997-5825), Santo André: espanhol e francês; EE Amadeu Olivério (Rua Itauna, 66, tel.: 4368-6824), São Bernardo: espanhol, francês, alemão; EE Idalina Macedo Costa Sodré (Rua Cons. Lafaiete, 619, tel.: 4229-4506), São Caetano: espanhol e francês; EE Marlene Camargo Ribeiro (Rua Otávio Pereira, 121, tel.: 4513-5077), Mauá: espanhol e francês.

Escola Municipal de Idiomas de São Caetano (Rua Visconde de Inhaúma, 905, tel.: 4238-4921) oferece inglês, espanhol, francês, italiano, alemão e português para os moradores da cidade. A seleção é anual, e a inscrição ocorre sempre no fim do ano.

Quem mora em São Caetano e estuda na rede pública do Ensino Fundamental (estadual ou municipal) tem direito a R$ 180 mensais para fazer inglês ou espanhol em escola particular. Para saber mais, ligue 4232-7199.




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