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Encontros ajudam a lidar com Alzheimer
Maíra Sanches
09/08/2011 | 07:26
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Quando ela visitou um asilo pela primeira vez, aos 12 anos, teve certeza de que iria trabalhar com e para os idosos no futuro. Hoje, 20 anos mais tarde, Danile Azevedo é coordenadora geral da sub-regional de Santo André da Associação Brasileira de Alzheimer.

Uma vez por mês, no Hospital Santa Helena, da Vila Alzira, em Santo André, Danile, que é assistente social, ministra palestras que são destinadas aos cuidadores e familiares de pessoas com Alzheimer. A iniciativa teve início em 2005, e o espaço para realização dos encontros foi cedido pelo hospital, onde a coordenadora trabalha diariamente.

O objetivo é orientar as pessoas sobre como lidar com a doença, dar dicas sobre tratamento, formas de encarar a descoberta e ensinar que é possível conviver com a enfermidade sem grandes traumas. A paciência é atribuição fundamental dos cuidadores. De 20 a 30 pessoas comparecem às reuniões de todo mês.

No Brasil, estima-se que 1,2 milhão de pessoas tenham a doença. No mundo, o número chega a pelo menos 35 milhões, e cerca de 80% dos cuidadores são da família.

A principal característica do Alzheimer é a alteração progressiva da memória e do raciocínio intelectual. Por isso, dependendo do estágio da doença, os pacientes tornam-se dependentes e necessitam de cuidados integralmente.

Junto com a coordenadora, dois médicos geriatras, e também voluntários, dão suporte às atividades e aos assuntos pautados nas reuniões, que acontecem todas as terceiras segundas-feiras do mês. Em cerca de duas horas, cuidadores apresentam dúvidas e aproveitam a chance para desabafar as aflições acumuladas. "É preciso saber encarar essa mudança de comportamento do doente. A sobrecarga de estresse é enorme. É como se os familiares estivessem perdendo o paciente e entrando em luto antecipado. Mas aquele doente é a mesma pessoa. Existe um ser humano ali e ele precisa de carinho e atenção. Não é o fim do mundo."

Não é fácil aceitar o diagnóstico do Alzheimer. O processo é singular e depende do poder de reação de cada cuidador. Dificuldades para realizar tarefas básicas, como tomar banho e escovar os dentes, são comuns entre os doentes. Agressividade, apatia, inquietude, alteração na fala e até depressão são sinais da doença, que atinge homens e mulheres geralmente acima de 60 anos.

Para ajudar as pessoas a encarar as dificuldades diárias, a Abraz produziu o livro Você não está sozinho, vendido a R$ 20. Já o CD O que você precisa saber é comercializado a R$ 10.

REUNIÕES

O tema escolhido para o próximo encontro foi Alterações comportamentais e tratamento medicamentoso. A reunião será na segunda-feira, às 20h, no Anfiteatro Elza El Kadre do Hospital Santa Helena. O endereço é Rua Manoel Vaz, 59.

A entrada é gratuita, aberta ao público e não é preciso se inscrever antes. Mais informações pelo telefone 4336-9988 ou pelo e-mail abraz.santoandre@gmail.com.

 

‘Chorei os primeiros seis meses depois da descoberta’

 

Demorou algum tempo para a cabeleireira de Santo André Maria Antonia Piccoli, 56 anos, identificar os primeiros sinal de Alzheimer em seu pai, Francesco Gesu Piccoli, 85.
Foi com a ajuda das reuniões promovidas pela Abraz que ela conseguiu superar o trauma da descoberta. A cabeleireira descobriu há seis anos a doença do pai e acompanha as reuniões desde os primeiros encontros. A pior parte do processo foram os primeiros momentos após o diagnóstico. "Ele começou a falar coisas sem sentido e esquecer as chaves, por exemplo. Chorei por seis meses seguidos. Mas hoje tenho outra cabeça e até aprendi a lidar comigo. Acho que é obrigação do filho assumir essa responsabilidade. O doente precisa se sentir importante. O melhor remédio é o amor, senão ele definha."
Mesmo tendo evoluído no trato com o pai e assimilado as dificuldades, Maria não deixa de frequentar as reuniões. "Toda vez que vou aprendo alguma coisa."

 

 

 




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