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Riqueza da flora sergipana é desvendada
Camilla Muniz
Ciência Hoje/RJ
20/12/2010 | 08:50
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A descoberta de novas espécies da flora sergipana promete desmitificar de vez a ideia de que a vegetação local não é rica em biodiversidade.

De acordo com levantamento realizado pela equipe do Laboratório de Sistemática Vegetal da Universidade Federal de Sergipe (LSV/UFS), três espécies novas para a ciência já foram descritas e outras cinco estão em fase de descrição por especialistas.

A coleta das plantas já catalogadas foi realizada em áreas de restinga e Mata Atlântica. Uma das espécies, que recebeu o nome de Cissus pinnatifolia, é uma trepadeira rara de flores vermelhas cuja ocorrência se dá nas matas próximas ao litoral.

As outras duas descritas são Aspilia itabaianensis, herbácea da mesma família das margaridas, e Cryptanthus sergipensis, pertencente à família das bromélias. As demais plantas ainda em estudo pertencem às famílias Bromeliaceae, Myrtaceae, Eriocaulaceae e Iridaceae.

A vegetação em Sergipe está distribuída em três faixas, sendo a primeira representada pela Mata Atlântica, a segunda pelo agreste (denominação popular para a zona de transição entre a Zona da Mata e o sertão) e a terceira pela caatinga.

Segundo a botânica Ana Paula Prata, professora da UFS (Universidade Federal de Sergipe), a falsa ideia de que a flora do estado não é diversa pode ter tido origem no fato de que, antes de 2006, as amostras depositadas no acervo do Herbário da UFS (Herbário ASE) não circulavam nacionalmente por falta de pessoal capacitado em taxonomia e gerenciamento de herbários.

"Os taxonomistas de outras regiões brasileiras reclamavam que não recebiam as amostras sergipanas. Como eles não tinham acesso ao material, não podiam citá-lo em suas publicações. Havia uma lacuna no conhecimento da diversidade de plantas no estado", explica Prata.

A situação começou a mudar em 2006, com a contratação de novos pesquisadores, e hoje as plantas coletadas em Sergipe circulam entre os principais acervos da região nordestina e até de outros países.

A botânica e alguns alunos de graduação e de pós-graduação da UFS foram os responsáveis pela coleta da nova espécie pertencente à família Bromeliaceae. A equipe encontrou a planta durante uma expedição pela caatinga, na serra da Guia, município de Poço Redondo (SE), cujo objetivo era recolher espécimes botânicos para investigar a diversidade do local.

Prata acredita que a identificação das novas espécies contribuirá para fazer pesquisas em áreas como química e farmacologia, gerando benefícios para a comunidade.

"Queremos reunir mais material para que possamos avaliar a verdadeira riqueza da flora sergipana, ainda muito subestimada pelos cientistas brasileiros", ressalta.




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