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Crimes no Oratório aumentam 29%
Luciano Cavenagui
Do Diário do Grande ABC
26/03/2005 | 16:57
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Um dos bairros mais violentos da região, o Parque Novo Oratório, em Santo André, registrou aumento de 29,31% nos roubos e furtos de veículos nos dois primeiros meses deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado. Foram 225 veículos levados por bandidos em dois meses, contra 174 em 2004. A situação é considerada insustentável pela população local.

O número de assaltos em geral também é crescente. Foram 131 registros nos dois primeiros meses do ano, o que representa aumento de 21,29% ante os 108 de janeiro a fevereiro de 2004. Para sentirem-se seguros, comerciantes passaram a instalar grades nos estabelecimentos. A comunidade se mobiliza. Instalou 40 faixas no bairro pedindo mais segurança e prepara um abaixo-assinado a ser entregue na Secretaria Estadual de Segurança Pública.

A área onde está localizado o Parque Novo Oratório é considerada a faixa de gaza do crime da Região Metropolitana de São Paulo, juntamente com os bairros andreenses Camilópolis, Jardim Ana Maria e Capuava. Vizinhos a pontos de tráfico de drogas da zona Leste de São Paulo – favelas do Jardim Elba e da Juta – os bairros são apontados como a principal área de conflito entre policiais e criminosos. As ruas desses bairros também servem de rota de fuga de assaltantes.

Por conta do alto índice de violência, os moradores reivindicam mais policiamento, a construção de uma base fixa da Polícia Militar e o funcionamento de uma delegacia 24 horas. Os líderes comunitários deram início a um abaixo-assinado que será entregue ao governador Geraldo Alckmin e à Secretaria de Segurança Pública. Foram recolhidas cerca de 700 assinaturas e, até o fim da próxima semana, esperam coletar 2 mil.

A comunidade afirma que os crimes começaram a se intensificar em outubro do ano passado, quando foi retirada uma base móvel da PM que ficava na esquina das ruas Filipinas e Alabama e no cruzamento da rua Estônia com a avenida das Nações. O comando da PM alegou que a retirada ocorreu porque outros bairros da cidade também precisavam da base.

Para se protegerem dos crimes, comerciantes colocaram grades de ferro em seus estabelecimentos. "Nos últimos três meses, já fui assaltada oito vezes", reclama Vera Lúcia Silva, 49 anos, que tem um bar na rua Cáucaso e mora há 18 anos no bairro. Ela instalou grades no começo de fevereiro.

Contíguo ao bar, Cláudio Simões, 25 anos, proprietário da lan house Planet Matriz, foi obrigado a colocar as grades ao abrir o estabelecimento em janeiro. "A situação por aqui anda tão feia que durante uma reforma tive de dormir no local para me antecipar aos ladrões", conta Simões.

No fim da semana passada, dois adolescentes armados roubaram o bar de José Brocalione, 45 anos, na rua Corrientes, e apavoraram oito clientes. "E-les entraram, abaixaram a porta e roubaram a carteira de todo mundo. Depois saíram como se nada tivesse acontecido", relata Brocalione.

Roubos de carros também se tornaram comuns. "Em fevereiro, me roubaram duas vezes, sempre do mesmo jeito: pela manhã, no portão de casa, ao sair com o carro para trabalhar", diz a vendedora Iraci Mariano, 34 anos, que trabalha em uma loja de utensílios domésticos a cinco quadras de sua residência e que fez questão de assinar o abaixo-assinado. Os moradores podem aderir ao movimento ao passar pela barraca instalada na esquina da avenida das Nações com a rua América do Sul.

A delegada-titular do 5º DP de Santo André, Vera Lúcia Pereira Araújo, garante que aumentará as operações de bloqueio nas principais vias da região. "É muito difícil combater a violência nessa área da cidade por causa da localização, que serve como rota de fuga para os criminosos que saem da zona Leste da capital" diz.

Vera Lúcia apóia a reivindicação da delegacia 24 horas. Hoje, o 5º DP funciona apenas das 8h às 19h. Fora desse horário, as vítimas têm de registrar a ocorrência no 2º DP, no Parque das Nações. "Mas é necessário aumentar a estrutura das instalações para que a delegacia funcione em tempo integral", acrescenta a delegada. O delegado seccional de Santo André, Luiz Alberto de Souza Ferreira, informa que avalia a reivindicação dos moradores quanto à necessidade de uma delegacia 24 horas. "Temos de atender toda a cidade, não um bairro só."

O capitão da PM Paulo Roberto, comandante da 1ª Companhia do 10º Batalhão, diz que também vai aumentar o policiamento. "Contamos com 40 policiais que patrulham a área com 15 viaturas. O problema é que a região é grande, com muitas vias de fuga. Quando atuamos de um lado, os bandidos atacam de outro."

Quanto à construção de uma base da PM no bairro, o capitão afirma que é preciso realizar estudo para definir sua real necessidade. "Temos duas bases móveis e considero que o trabalho realizado é bom, apesar das dificuldades", completa.




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