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Air bag, ABS e seu bolso
Marcelo Monegato
Do Diário do Grande ABC
01/05/2013 | 11:55
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A partir de 1º de janeiro de 2014, todos os carros fabricados no Brasil deverão sair da linha de montagem com air bag e freios com ABS (antitravamento). E até 31 de março do mesmo ano, as concessionárias poderão comercializar os veículos sem estes equipamentos de segurança. Então, muitos consumidores devem estar se questionando: "Vou perder muito dinheiro na revenda comprando agora um carro sem air bag e ABS?" A resposta é ‘não'.

"Quem comprar um carro sem air bag ou ABS vai perder na revenda, em 2014, algo que hoje normalmente se perde. Por isso, não é preciso se preocupar se no bolso só cabe um carro sem air bag e ABS", explica o consultor Paulo Roberto Garbossa.

O que poderá acontecer no primeiro trimestre do próximo ano, segundo o especialista em mercado automobilístico José Rinaldi Caporal Filho, é os carros zero-quilômetro sem itens de segurança obrigatórios serem ofertados com preços mais vantajosos, devido à necessidade de se queimá-los até 31 de março. "Estes modelos precisarão de um diferencial no preço", antevê.

Outro cenário interessante - completamente oposto ao tradicional - que poderá ocorrer é a supervalorização de determinados veículos que, em virtude da nova lei, deixarão de ser produzidos por não atenderem às especificações. "De repente, um utilitário com excelente custo-benefício que sairá de linha irá gerar grande procura, permitindo que as concessionárias elevem os preços", reconhece Garbossa.

Air Bag e ABS por fora

Seria interessante instalar air bag e ABS por fora? A resposta para esta pergunta, levando-se em conta questões financeira e, principalmente, de segurança, é ‘não'. Algumas empresas comercializam o kit de bolsas infláveis para diversos modelos. O Diário fez uma pesquisa e constatou que os valores variam de R$ 1.500 a R$ 5.500, dependendo do veículo. A instalação, que é cobrada à parte - em média R$ 500 - demora de um a dois dias.

De acordo com o professor do curso de Engenharia Mecânica de Cantar Universitário FEI Ricardo Bock, tal serviço oferecido é um absurdo. "ABS não é um acessório que você vai lá e coloca. Faz parte de um sistema de freio complexo. Air bag, nem se fala", avisa, lembrando que as bolsas infláveis começaram a ser desenvolvidas em 1960 - iniciativa da General Motors, nos Estados Unidos - e apenas 35 anos depois passaram a funcionar perfeitamente.

"Para ter air bag, todo o veículo é projetado para receber o equipamento. O próprio habitáculo tem saídas de ar estratégicas, pois no momento de acionamento das bolsas há um forte deslocamento de ar, que pode estourar os tímpanos dos ocupantes", detalha Bock.

Outro ponto a ser considerado é a qualidade do serviço. Para instalar tais tecnologias de segurança, o carro é praticamente desmontado. São acoplados sensores, novos cabos precisam ser passados, e até o volante necessita ser substituído por um específico. "É preciso mexer no chicote elétrico. Quantos casos conhecemos de pessoas que instalaram um simples alarme por fora e o carro começou a apresentar problemas elétricos, alguns que até interferem no funcionamento do motor", alerta.

Além da desconfiança que o serviço por fora ainda causa, financeiramente não haverá retorno deste investimento na revenda. Hoje, a maioria dos carros já vem com air bag e ABS de fábrica. No entanto, aqueles veículos que oferecem o equipamento como opcional de fábrica ficam, em média, R$ 2.500 mais caros e já agregam ABS - além de preservarem a garantia.




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