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Prefeituras preveem 75.438 moradias para deficit de 230 mil
Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
03/08/2016 | 07:07
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Nario Barbosa/DGABC


As ações das prefeituras da região para acabar com o problema das moradias irregulares não são suficientes para atende toda a demanda do Grande ABC. Conforme levantamento divulgado ontem pelo Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, atualmente as sete cidades possuem 230.076 moradias ilegais, enquanto as administrações planejam a construção de somente 75.438 unidades.

Santo André afirmou que está em fase de conclusão a licitação para empresa que vai regularizar 11.938 domicílios.

O Complexo Santa Cristina está em projeto de urbanização de 2.984 domicílios e o Complexo Cassaquera, que inclui Condomínio Maracanã, núcleo Pintassilgo, entre outros, 1.851. Além disso, há 1.099 regularizações de domicílios em andamento. Ao todo, são 17.872 unidades com processo em curso, enquanto a cidade carece de 46.301.

São Bernardo possui 23.617 unidades habitacionais em planejamento, somadas entre os programas de Urbanização Integrada e Produção Habitacional em parceria com o governo federal, sendo que 4.911 já foram entregues.

Já o Programa de Regulamentação Fundiária alcança 75 assentamentos, abrangendo 25.781 moradias, sendo que 4.696 já estão regularizadas. Além disso, são 3.996 habitações com regularização apoiada pela cidade. São 53.394 unidades regulares previstas, enquanto o deficit é de 92.216.

Desde 2013, Mauá entregou 432 apartamentos. A administração prevê a construção de 840 unidades no Jardim Feital e aguarda liberação de recursos do governo federal para 800 apartamentos no Jardim Oratório e urbanização do Macuco, que prevê construção de 2.100 unidades. São 4.172 para um deficit de 39.367.

A Prefeitura de São Caetano, cidade que necessita de 7.222 unidades, menor taxa da região, afirmou que estuda a viabilidade de construção de moradias populares com recursos municipais. Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não responderam.

Para quem vive a falta de moradia digna na pele no núcleo Pintassilgo, em Santo André, a rotina tem várias dificuldades. Maria Izabel Paulino, 64 anos, mora com a filha de 38, desempregada, e dois netos, de 6 e 9 anos. A família se sustenta com o Bolsa Família, no valor de R$ 163 ,e dinheiro de doações e bicos.

“Nossa casa está praticamente caindo. São várias rachaduras e não conseguimos arrumar com o dinheiro que ganhamos. Eu tenho muita dor nas costas e não consigo trabalhar”, disse Maria.

A fé é uma das principais características da moradora. Mesmo passando fome, ela ajuda a comunidade fazendo parte da Pastoral da Criança da Igreja Católica da Capela São Paulo Apóstolo. Ela é responsável pela pesagem das crianças do local e acompanhamento das gestantes, além de dividir as doações entre os moradores. “Eu tenho muita fé em Deus e gosto de ajudar as pessoas”.

O casal Sebastiana Teixeira dos Santos, 46, e Luiz Celso de Lima, 70, vive com mais três filhos entre 8 e 15 anos em uma pequena casa de madeira. Eles dependem de uma aposentadoria no valor de um salário mínimo (R$ 880). “Falta tudo dentro de casa. É muito difícil”, disse.

A situação da dona de casa e viúva Ciça Alvares Pereira, 33, que cria sozinha os cinco filhos também é grave. Ela depende do Bolsa Família (R$ 370) como única renda, desde que o marido morreu em 2015. “Meu banheiro está todo quebrado e eu não consigo arrumar, porque mal tenho dinheiro. Queria dar melhores condições para meus filhos viverem com dignidade”, disse.
 




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