O Conselho Universitário da Universidade Federal do ABC, órgão máximo da instituição,irá reavaliar a decisão de instalar campus em Mauá somente a partir de 2015. A decisão foi tomada na última reunião do grupo, dia 2.

A informação foi confirmada ontem pela UFABC, que garantiu que "todas as questões relacionadas a Mauá estão sendo rediscutidas".

Há duas semanas, em entrevista ao Diário, o reitor Helio Waldman afirmou que o Consuni havia descartado instalar campus provisório em Mauá - solução adotada em Santo André e São Bernardo para acelerar a abertura de vagas. As aulas, disse Waldman, só teriam início quando os prédios definitivos fossem construídos. O terreno que abrigará a universidade sequer foi adquirido e, na previsão de Waldman, o processo que envolve compra, projeto, licitação e obras não seria concluído antes de 2015.

A abertura do campus da UFABC em Mauá foi compromisso assumido pelo prefeito Oswaldo Dias (PT) durante as eleições municipais, em 2008. A promessa foi endossada publicamente pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, e pelo então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Para sair do papel, no entanto, é necessária aprovação do Consuni. E é ali que a ideia encontrou resistência.

O conselho reúne diretores, professores, funcionários, alunos e representantes da sociedade civil. Ao todo, são 40 integrantes, mais o reitor. A maioria defende cautela no processo de descentralização da universidade, já que há dois campi sendo construídos, em Santo André e São Bernardo.

O prefeito de Mauá disse que tentaria reverter a situação. Na semana passada, esteve com Waldman na abertura de seminário sobre mobilidade urbana e acessibilidade, realizado na UFABC. A conversa, comenta-se nos bastidores, surtiu efeito.

O Instituto Henfil, que oferece curso pré-vestibular a preços acessíveis, também protestou contra o veto ao início das aulas em prédio provisório. Ontem, o presidente de honra do instituto e colunista do Diário, Mateus Prado, entregou abaixo-assinado com mais de 30 mil assinaturas à reitoria, pedindo abertura de turmas da UFABC em Mauá. "Entregamos também dez mil formulários com a opinião dos estudantes sobre quais cursos a unidade deve oferecer. Administração foi o mais votado", revelou.

Universidade sinaliza com cursos de extensão 

Ontem, Mateus Prado, o presidente do Instituto Henfil, Renato Eliseu, e o vice-presidente, Fernando de Oliveira, foram recebidos pelo chefe de gabinete da reitoria, Julio Facó, e pela pró-reitora de planejamento, Rosana Denaldi. "Eles sinalizaram com a possibilidade de oferecer cursos de extensão. O importante é que se estabeleçam na cidade o quanto antes. Falta muito para 2015. E não há garantias de que a UFABC vai mesmo manter o compromisso de se instalar em Mauá", sustentou Prado.

A UFABC confirmou a oferta de cursos de extensão, que beneficiam públicos diferentes do aluno de graduação, como funcionários públicos, terceira idade e estudantes do Ensino Médio. "Pode-se incluir até cursos à distância. Estamos negociando", finalizou Prado.