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Preço do bacalhau cai 10% na Páscoa
Alexandre Melo
Do Diário do Grande ABC
27/03/2011 | 07:16
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Marina Brandão/DGABC


A cotação estável do dólar durante os últimos meses vai colaborar para que o bacalhau comprado pelos consumidores nesta Páscoa esteja até 10% mais barato nos estabelecimentos. Como o brasileiro sofisticou seu hábito alimentar, importadoras e varejistas ampliaram os pedidos de variedades nobres.

Na peixaria instalada no sacolão da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André), o proprietário Carlos Ramos deixou o bacalhau Saith de lado - o mais popular - para comprar somente o Porto Imperial. "Além de o preço não ter sofrido reajuste em relação a 2010, os clientes querem produtos com melhor qualidade."

O Grupo Pão de Açúcar aliou a demanda crescente pelo bacalhau para baratear em 10% seu valor e aproveitar para popularizá-lo. A intenção é elevar em 66% a encomenda de bacalhau em relação ao Natal. "As negociações com fornecedores noruegueses e portugueses começaram no primeiro semestre de 2010", diz o diretor comercial de carnes, aves e peixaria, Pedro Henrique dos Santos Pereira.

Segundo ele, a demanda é maior tanto porque o consumidor emergente, que não comprava o produto, passou a adquiri-lo, quanto porque os que já compravam migraram para outras variedades. Mais em conta, o Saith pode ser encontrado a partir de R$ 16 o quilo. O Zarbo, de R$ 20, e o Porto, não sai por menos de R$ 30.

COMPETITIVO - De acordo com especialistas ouvidos pelo Diário, a alta no preço das carnes bovinas, suínas e de frango torna o cenário favorável para a compra de peixes e bacalhau, não apenas na Quaresma, como no dia a dia.

Na Coop (Cooperativa de Consumo), o gerente de perecíveis Gilberto Costa acredita que o aumento no consumo de peixe nos últimos meses também pode ser creditado a esse fator. No caso do bacalhau, o gestor afirma que os preços estão até 10% inferiores aos praticados na Páscoa passada.

IMPORTADORAS - Considerada uma das principais importadoras de bacalhau no País, a La Rioja, fornecedora de supermercadistas como Ricoy, Walmart, Carrefour e Grupo Pão de Açúcar, foi outra empresa que decidiu antecipar a negociação com os noruegueses e reforçar o estoque para esta temporada.

Segundo a empresa, os valores estão em média 2,5% mais baratos nesta Páscoa. E a cotação da moeda norte-americana é a principal responsável pelo preço mais apetitoso. A importadora considera que a ascensão de 30 milhões de pessoas para as classes C e AB movimentou esse mercado.

A concorrente da Brumar Alimentos acrescenta que países como Portugal e Espanha, que ainda sofrem com a crise, diminuíram a compra do produto. "Logo os fornecedores direcionaram maior parte da mercadoria, com preços em média 10% menores, para o Brasil, que vem se destacando no consumo desse peixe", afirma o sócio Bruno Gregório.

Valor do peixe recua pelo segundo ano consecutivo

Enquanto o ovo de Páscoa está até 10% mais caro neste ano, o bacalhau vai aliviar o bolso do consumidor pela segunda temporada consecutiva. No ano passado, o motivo apontado para o preço também até 10% menor era de que o estoque do produto estava alto no mercado mundial.

Diante desse cenário, o diretor de economia da Apas (Associação Paulista de Supermercados), Martinho Paiva Moreira, acredita que o consumidor vai comprar quantidade maior do produto neste ano. "Há cerca de quatro anos, o preço do bacalhau estava bem mais alto que o praticado atualmente."

O volume de pescado importado pelo Grupo Pão de Açúcar cresceu entre 20% e 30% neste ano, segundo o diretor Pedro Pereira. Foi realizada grande compra de merluza, truta salmonada do Chile, cação e salmão.

A companhia também aposta em uma novidade da Amazônia em suas peixarias, o pirarucu. Na semana passada, o executivo da rede negociava com fornecedores a aquisição de 2 toneladas do peixe para serem vendidas durante a Quaresma.




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