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Empresas oferecem capacitação a jovens
Vinicius Gorczeski
Especial para o Diário
27/03/2011 | 07:07
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O apagão da mão de obra em diversas frentes industriais faz com que o próprio setor corra atrás da capacitação profissional. Esse tipo de iniciativa, que parte das próprias empresas, pretende atrair o público jovem às fábricas. O objetivo é fazer com que, no futuro, deem continuidade a esse trabalho. No Grande ABC, existem companhias de peso que criaram alternativas para driblar a baixa oferta.

É o caso da empresa de origem alemã Freudenberg-NOK, atuante do ramo automotivo e sediada em Diadema, com o programa ‘Aprender para Transformar'. Entre os dias 11 e 15 de abril serão abertas vagas para formação profissional na própria empresa.

O objetivo é angariar jovens da comunidade com idade entre 17 e 20 anos com renda familiar de até quatro salários mínimos. Como os cursos serão oferecidos por cerca de 50 voluntários que atuam na Freudenberg-NOK, filhos de efetivados terão direito a 10 vagas, além de 30 vagas para os demais.

O presidente da indústria na América do Sul, George Rugitsky, diz que ensaiou por anos a possibilidade de treiná-los. Quando a empresa completou, em 2010, 160 anos na Europa e 20 anos nos Estados Unidos, a companhia decidiu retribuir à comunidade onde havia as unidades. Ele conta que já se formaram 70 jovens, dos quais nove já foram contratados, nas duas edições do projeto. Também diz que é forma de incrementar o interesse dos futuros profissionais pela área.

O gerente de marketing da empresa, Luiz Freitas, afirma que o fato de os jovens terem acesso aos diversos profissionais que compõem o quadro da empresa ajuda a incliná-los a optarem por profissões relacionadas ao setor. "Teve pai que disse na formatura que era o primeiro certificado que um integrante da família recebia", pontua Freitas. Rugitsky descarta ampliar o curso agora. Frisa que primeiro é preciso consolidá-lo.

O diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de Santo André, Shotoku Yamamoto, explica que há um abismo educacional no País. Ele critica o Ensino Público por oferecer baixa qualidade na área técnica e defende que são necessários investimentos. "Enquanto não colocar no mercado estudantes melhor informados e qualificados vamos continuar com déficit na indústria."

Ele cita empresas que têm na sede unidades do Senai, a fim de reverter o quadro. "Essa é a maior riqueza de um país, e não as commodities (como minério de ferro)."

Outro exemplo é a GM (General Motors). O ‘Jovens Empreendedores' já formou, em 23 anos, cerca de 6.000 pessoas no País. Houve também parcerias, tanto com a Prefeitura de São Caetano, como com faculdades de engenharia, a exemplo da USP (Universidade de São Paulo).

Sindicato dos Metalúrgicos também vai oferecer cursos

Não são apenas as indústrias que correm atrás do prejuízo na hora de garimpar talentos para atuação nas empresas da região. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, afirmou que a entidade investiu R$ 1,3 milhão na compra, por leilão, de terreno próximo à sede. O objetivo é construir um centro de capacitação profissional e formar leque amplo de trabalhadores, desde jovens a profissionais que já atuam na metalurgia.

"Se a economia vai crescer 5% ao ano, todos têm que colaborar para oferecer mão de obra. Os Senais aqui não dão conta", explica Nobre. A ideia é fazer com que, após a certificação, o aluno possa integrar o rol de alunos da UFABC (Universidade Federal do ABC).

Nobre planeja dar início às aulas já a partir do ano que vem. Outra ideia é selar parceria com as prefeituras da região a fim de direcionar trabalhadores dos Centros Públicos de Emprego e Renda regionais.

O fato de o Ensino Técnico ser caro é um pilar a ser superado pelo representante. "É necessário comprar máquinas e constituir laboratórios. Faremos campanha para isso", afirma. Mais para frente, ele pretende trazer uma faculdade técnica para a região.

O sindicato já atua junto à Prefeitura de Diadema na formação anual de cerca de 1.300 alunos em cursos com dois anos de duração, em nível técnico.




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