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Projeto transforma crianças do Jardim Zaíra em escritores

Grupo assistido por entidade assistencial de Mauá publicou livros sobre diversos temas; ação visa estimular a leitura

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
24/07/2016 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Lápis, papel e a rica imaginação típica da infância. Crianças atendidas pela Associação Casa do Senhor, entidade sem fins lucrativos localizada no Jardim Zaíra, em Mauá, juntaram tudo isso e o resultado foi a produção de 30 livros, cada um com uma história diferente, todos publicados pela editora carioca Estante Mágica.

Em dezembro de 2015, a ONG (Organização Não Governamental) foi contemplada com recurso da campanha Vai e Vem do Bem, promovida pelo Diário, que com a venda de jornais que seriam descartados, beneficia instituições sociais. Com os R$ 1.636,60 arrecadados, a entidade comprou uma barraca de pipoca e uma caixa de som para serem utilizados em seus eventos beneficentes. A base para as crianças escreverem um livro veio do Projeto de Leitura – A Certeza de Um Mundo Melhor.

Desde fevereiro de 2013, a pedagoga e presidente da ONG, Vanessa Leite, 31 anos, reúne, todos os sábados, das 14h às 16h, 30 crianças e adolescentes para proporcionar atividades que incentivem a leitura e a escrita, já que muitas apresentam dificuldades em ambas. “Vimos que o projeto poderia ir mais além e eu soube que a Estante Mágica tinha uma iniciativa gratuita para publicação de livros, porém, era só para escolas. Entrei em contato e eles abriram as portas para a ONG”, conta Vanessa.

A editora enviou todo o material para a produção das histórias, que poderiam ser contadas de duas maneiras: 12 páginas contendo apenas desenhos, ou metade ilustrações e a outra parte escrita.

Em agosto do ano passado, o processo foi iniciado. Para estimular ainda mais a criatividade e imaginação, as crianças foram ao teatro e, em outubro, visitaram a redação do Diário, onde conheceram os cartunistas Luiz Carlos Fernandes e Sérgio Ribeiro Lemos, o Seri, responsáveis pelas charges e ilustrações do jornal. “Muitas crianças achavam que não conseguiriam desenhar e o Fernandes e o Seri mostraram que o desenho seria legal do jeito que eles fizessem”, conta Vanessa.

O projeto também envolveu a participação e o incentivo dos familiares dos autores iniciantes. “Eu não tinha costume de ler e passei a gostar, me incentivou também. Fiquei muito emocionada de ver meus filhos escrevendo um livro”, fala a dona de casa Katia Gonçalves, 38, mãe dos pequenos autores Paulo, 8 e Giovanna, 12.

Concluídas as histórias, o material foi enviado para a editora para a transformação em livros e, no dia 10, a associação promoveu dia de autógrafos. Cada livro custava R$ 39 e, como grande parte das famílias é carente, os associados da Casa do Senhor, que contribuem para ajudar na continuidade dos projetos desenvolvidos, adquiriram as obras para presentear as crianças.

Luani Vitória Pereira Gomes, 14, escreveu sobre o sonho de ter uma festa de 15 anos. “Desde os 13 anos planejo essa festa e agora tenho um livro sobre o meu sonho, que vai se realizar, se Deus quiser”, diz.

Vanessa lembra que as crianças não achavam que poderiam ser escritoras. “Muitas têm traumas familiares, sofreram abusos e, por essas razões, tinham baixa autoestima, se sentiam incapazes. Mas, ao longo do projeto, elas amadureceram e viram que podem vencer todos os obstáculos e desafios.”

Nicole Freitas Nascimento, 11, autora de A gatinha pintora, confirma a percepção de Vanessa. “Achei que não poderia escrever um livro, mas aprendi que tenho capacidade para fazer tudo o que eu quiser, só é preciso acreditar.”




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