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Os tempos são outros
Do Diário do Grande ABC
23/07/2016 | 10:26
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Quando alguém começa a dizer ‘no meu tempo’, é logo acusado de saudosismo ou de não ser contemporâneo de sua época. A melhor fase da vida é aquela que nos é reservado viver. Estar vivo, reconhecer a dádiva da existência, poder participar do convívio, exercer atividade útil, conversar, ouvir, falar. Isso reveste valia enorme, que nem sempre merece a devida importância.

Todavia, ter saudades é demonstrar uma forma de afeição, de sensibilidade, de vinculação com momentos que não se pretende esquecer. Tenho saudades dos meus tempos de escola primária. Da emoção de conhecer gente nova. Colegas e professoras. Quando minha mãe foi convidada à primeira reunião de pais e mestres, perguntou-me quem era a minha professora e rapidamente respondi: ‘É a mais bonita!’

Ao adquirir o material escolar, não resistia e lia os livros antecipadamente, antes mesmo do início das aulas. Eram tempos de levar o lanche de casa. Quando abria a minha pasta de couro cru, além do cheiro característico do artefato, vinha o perfume do sanduíche daquela manhã. Pão com goiabada, pão com queijo, pão com manteiga, ‘pão com o que tivesse em casa’.

Adorávamos as mestras. Ficávamos em pé quando elas entravam na sala. Ninguém entrava depois delas. Era uma só professora por turma. Havia em cada classe grande cavalete com coleção de gravuras. De quando em vez, uma delas era escolhida, aleatoriamente, para que fizéssemos uma ‘descrição’. Aos poucos aprendíamos o que era narrativa, dissertação, crônica, missiva, relatório, ata e todas as demais modalidades de forma escrita.

Todas as manhãs se cantava o Hino Nacional. A cada visita do diretor, a classe se posicionava e, em postura de sentido, entoava: ‘Sede bem-vindo, aqui entre nós, querido diretor! As palavras não podem traduzir a grande honra que nos proporciona. Por isso, saudemos com cantos, nosso ilustre diretor’. 

No dia do professor, 15 de outubro, era uma batalha a disputa de quem saudaria a mestra. Fazia-se espécie de campeonato, com os candidatos fazendo o seu melhor em ensaios que eram avaliados pelos colegas. Era uma honra ser o porta-voz da sala de aula num dia tão importante. Isso não inibia os demais de trazer um presente para a professora. Coisas singelas: uma flor, um chocolate, uma pequena lembrança. O essencial era o carinho que todos devotavam àquela que nos abria as janelas do mundo. Nos permitia conhecer nova realidade, novos conhecimentos, no desvendamento milagroso do universo, tão inesperado para as crianças.

Só de lembrar dessa época, evidentemente no século passado, dá para concluir que os tempos são outros. Serão melhores?

José Renato Nalini é secretário da Educação do Estado de São Paulo.

Palavra do leitor

Yoki

 Pipoca o número de empresas que encerram atividades em São Bernardo e demitem trabalhadores, causando sérios prejuízos às famílias e à cidade (Economia, ontem). O próximo prefeito precisa ser alguém com vontade, coragem, comprometido e de perfil capaz de negociar alternativas para conter esta debandada.

Charles França

São Bernardo

 

WhatsApp

 Atenção, autoridades responsáveis do Brasil. Peço, encarecidamente, que não suspendam jamais o aplicativo WhatsApp (Setecidades, dia 20). Estou tentando evitar a maior tragédia coletiva do País. Esta semana, fiquei horrorizado vendo milhares de pessoas totalmente descontroladas, chorando, reclamando, dizendo que iriam ‘morrer’ pela falta do ‘essencial’ aplicativo. Por alguns segundos questionei como eu estava sobrevivendo sem fazer uso do ‘imprescindível serviço’. Será que estou vivo? O famigerado WhatsApp se tornou mais importante que a falta de Educação, Saúde, emprego, moradia, Segurança, enfim! Tudo isso me fez lembrar desta polêmica frase: ‘Temo o dia em que a tecnologia se sobreponha a nossa humanidade. O mundo terá então uma geração de idiotas’. Este dia já chegou!

Mario Mello

Santo André

Tocha – 1

 Enquanto falta o básico para milhares de famílias em nosso País, a tal tocha brilha em algumas cidades com investimentos públicos milionários! Pergunto ao governo: cadê a prioridade? É tremendo contrassenso o que acontece em proteção à tocha. Há vida nesta tocha? Faça-me o favor, pessoal. Já soube até que ela anda na primeira classe em avião. Você sabe quanto custa a passagem nessa classe? Fica em hotéis cinco estrelas. Sério mesmo que ela vale muito mais que uma criança que pede pão com manteiga para mãe e essa mãe, com os olhos provavelmente cheios de lágrimas, tem de dizer que só tem o pão? Cadê os valores, governo? Socorro.

Rosangela Caris

Mauá

Tocha – 2

 Pois é, depois de muitas polêmicas e contradições em relação à Olimpíada no Rio, enfim a tocha olímpica chegou a São Paulo, passando por cidades do Grande ABC, para alegria dos atletas que a conduzirão pelas ruas e avenidas. Esperamos que durante o trajeto não apareça nenhum maluco tentando apagá-la, como alguns imbecis que têm postado vídeos nas redes sociais estimulando o crime. Que não haja acidentes. Temos certeza de que, aqui, não matarão nenhuma onça-pintada, que a população prestigiará o símbolo do espírito olímpico independentemente de os jogos terem sido rejeitados por mais de 50% da população, em recente pesquisa. Não tenham dúvida de que algumas medalhas farão certamente bem à autoestima brasileira, ultimamente tão em baixa, por ver tantos escândalos de corrupção e crise política.

Turíbio Liberatto

São Caetano

Aposentadoria

 Volto a bater nesta tecla. Sim, minha aposentadoria veio pouca coisa a mais, em virtude dos 50% do 13º salário. Na verdade, não tive aumento nenhum. Os políticos brasileiros não gostam de tocar nesta parte do direito administrativo, que trata dos servidores públicos federais. Por que será? É porque sobra mais para fazerem o que sempre fizeram, que é roubar o povo e o Brasil. Malditos.

Edson Rodrigues

Santo André

Tribuna

 Como assíduo leitor e partícipe da Palavra do Leitor desde 1993, gostaria de externar meus agradecimentos ao nosso Diário, em razão de proporcionar-nos o mesmo espaço confortável e singular não encontrado em outro veículo jornalístico. Destarte o fato de podermos fazer parte deste corpo de comunicação e plantadores de sementes de reflexões por meio de críticas, sugestões e observações. Nosso Diário, assim como todos os seus funcionários e anunciantes, presta-nos direta e indiretamente benefício coletivo que este manifesto tem por intenção apontar. Neste meu expressar de reconhecimento e gratidão, trago cumplicidade e solidariedade da amiga Inez Rodrigues, professor Vlamir Belfante e do mestre Vanderlei Retondo. E atrevo-me a convidar os leitores para que experimentem fazer parte da coluna Palavra do Leitor, sendo você um novo sementeiro. 

Cecél Garcia

Santo André




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