A campanha eleitoral para escolher os prefeitos que governarão as sete cidades do Grande ABC no quadriênio 2017-2020 só vai começar em 16 de agosto. A baixaria, todavia, adiantou-se em um mês. Emanando de Mauá, já é possível sentir o cheiro fétido da mais rasteira disputa pelo poder. Este Diário, que há 58 anos acompanha os pleitos municipais, conclama o eleitor a refutar a baixaria durante o processo que se avizinha. O voto deve ser dado aos candidatos que discutirem propostas e apresentarem planos para melhorar as condições de vida da população.

A aposta na vilania vem dos primórdios da política. A opção pela ofensa e pelo ultraje ocupa os vazios deixados pela ausência de projetos e ideias. Na falta de bons argumentos, recorre-se aos ataques aos adversários. O ápice deste tipo de campanha suja, baseada na difamação do concorrente, transformado em inimigo, ocorreu na disputa do republicano Richard Milhous Nixon (1913-1994) pela eleição à presidência dos Estados Unidos, na década de 1970.

Conhecido como Watergate, o esquema de difamação dos adversários envolveu espionagem, sabotagem e a divulgação de inúmeras informações da vida privada – verdadeiras e falsas. Apontado como o responsável pelo escândalo, o republicano Nixon teve de renunciar ao cargo logo depois de ser reeleito com esmagadora vantagem na disputa de 1972 com o democrata George McGovern (1922-2012).

A utilização de meios escusos por Nixon lhe custou o mandato, confirmando na prática a teoria de que os fins não justificam os meios. Está na hora, portanto, de dar um basta à sujeira moral da política. Eleição não é – e não deve ser transformada em – luta de vale-tudo. O triste e lamentável episódio envolvendo dois dos principais políticos de Mauá é o prenúncio do que pode vir a ocorrer nos próximos meses nas disputas pelas prefeituras do Grande ABC. Este Diário não vai tolerar a utilização de golpes baixos pelos contendores. O eleitor das sete cidades deseja propostas – exequíveis – e é para elas que nossas páginas estarão abertas. Baixaria, não!