Economia Titulo Crise
Comércio fecha 4.372 vagas em 12 meses no Grande ABC

Todos os setores analisados por pesquisa realizaram cortes no ano terminado em maio

Vinícius Claro
Especial para o Diário
23/07/2016 | 07:25
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Denis Maciel/DGABC


O Grande ABC registrou mais um saldo negativo em relação ao emprego com carteira assinada no comércio varejista. Nos 12 meses encerrados em maio, 4.372 trabalhadores foram demitidos, o que significa redução de 3,8% no total de empregados pelo setor nas sete cidades, de 109.668 pessoas. O ritmo de cortes acelerou em comparação ao volume acumulado do ano terminado em abril, com 4.319 dispensas.

Isso é o que aponta levantamento realizado pela FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) com base nos dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho, e divulgado com exclusividade para o Diário.

Além do maior número de desempregados pelo comércio varejista de um mês para outro, desta vez todos os setores realizaram dispensas. Em abril, apenas o ramo supermercadista ainda registrava leve alta de 0,2% nos postos de trabalho. Em maio, as nove atividades analisadas apresentaram variação negativa no estoque de empregados.

As maiores quedas na ocupação formal foram vistas nos segmentos de lojas de móveis e decoração (-8,5%, com perda de 278 postos), lojas de vestuário, tecidos e calçados (-8,5%, com 1.181 demissões) e de eletrodomésticos, eletrônicos e lojas de departamentos (-7,8%, com 916 cortes).

Segundo o assessor econômico da FecomercioSP Jaime Vasconcellos, o ramo de lojas de móveis e decoração é o mais prejudicado por comercializar produtos de alto valor agregado, para os quais a grande maioria das pessoas precisa de crédito, pois não tem recursos para comprar à vista. Adicionalmente, trata-se de itens que podem ter a aquisição adiada.

Considerando apenas o desempenho mensal, o varejo da região encerrou 203 vagas em maio. Em abril, foram 542 postos a menos. No mês, apenas dois ramos tiveram balanço positivo: supermercados (0,1%, com 29 contratações) e farmácias e perfumarias (0,8%, com 66 admissões). Onde se viu mais demissões foram nas lojas de vestuário, tecidos e calçados (-0,7, com 86 dispensas).

NESTE ANO - De janeiro a maio, os cortes nos postos de trabalho atingiram 4.052 pessoas, 3,6% menos que no acumulado de 2015. Na avaliação de Vasconcellos, o ponto positivo dos dados de 2016 é que a curva de queda se apresenta estável. “Os saldos, embora negativos, não estão piorando. Não é bom porque continua havendo desemprego, mas é uma queda estável.”

Para ele, a retomada deve vir apenas no segundo semestre de 2017. “Trata-se de uma crise de desemprego gerando desemprego. As ações dependem do poder público, que precisa reduzir custos e atrair novamente a confiança dos investidores e da população.”

NO ESTADO - A nível estadual, foram perdidos 3.730 empregos em maio, pior resultado para o mês desde o início da série histórica em 2007. No ano, o saldo é negativo em 61 mil postos até maio; em 12 meses o montante chega a 76.139 cortes.

Chama atenção o fato de, no ano terminado em maio, o setor de farmácias e perfumarias ter ampliado em 2,3% as contratações, enquanto o Grande ABC não apresentou admissões no mesmo período. “Esta relação mostra que a crise afeta mais fortemente a região do que o Estado de São Paulo”, afirma Vasconcellos.
 




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