A empresa General Mills anunciou ontem que irá encerrar a produção da Yoki em São Bernardo e demitirá 300 trabalhadores. A companhia também irá desativar um centro de distribuição localizado em Marília, no Interior. As atividades de manufatura serão distribuídas entre as outras oito fábricas da marca espalhadas pelo País. A área administrativa permanecerá na região.

Em nota, a General Mills, dona da Yoki desde 2012, afirmou que a desativação da unidade produtiva de São Bernardo, que funcionava desde a década de 1960, faz parte de “decisão estratégica para melhorar a eficiência operacional do negócio”, e que a empresa já está em processo de negociação do pacote de desligamento dos 300 empregados. A transferência da produção para as outras plantas está prevista para ser concluída em 19 de agosto. Na fábrica do Grande ABC eram produzidos salgadinhos, farofas prontas, pó para sorvete, fermento e refrescos.

Uma empregada do departamento de controle de qualidade que trabalhou na unidade de São Bernardo por 19 anos conta que o anúncio das demissões foi feito na quarta-feira, durante a troca de turnos. “Chegamos para trabalhar e informaram que estávamos sendo mandados embora, e que era para retirar nossos pertences dos armários. Foi uma coisa muito triste. Havia bastante gente chorando”, lembra. Ela pediu para não ter o nome revelado.

Quando recebeu a notícia, ela relata que passou mal e precisou ser socorrida. “Eu já tomava antidepressivos. Ontem (anteontem), fui ao médico, e tive que aumentar a dose”, lamenta a agora ex-funcionária, cujo primeiro emprego foi justamente na Yoki.

A situação de outra colaboradora, que tinha cerca de três anos de casa, também é preocupante, já que o seu marido também trabalhava na empresa havia quase 20 anos. “Ficaremos os dois desempregados e, para piorar, entramos recentemente em um financiamento imobiliário.”

Ela conta que, nos últimos meses, a fábrica operava normalmente, sem que houvesse rumores sobre eventual desativação. “Na sexta-feira fecharam o terceiro turno e começamos a ficar preocupados”, relata. Segundo a ex-funcionária, representantes sindicais não apareceram para conversar com os operários. “Estamos absolutamente sem assistência. A sensação é de completo abandono”, acrescenta.

Grupo de trabalhadores demitidos planeja fazer manifestação hoje em frente à portaria da empresa, no bairro Demarchi.

O Diário tentou entrar em contato com diretores do Sindicato da Alimentação de São Paulo e Região por telefone e por meio de redes sociais, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.

Além da Yoki, a General Mills, cuja sede fica localizada nos Estados Unidos, é dona de marcas como Betty Crocker, Häagen-Dazs e Nature Valley. A companhia não informou se pretende fechar outras fábricas do grupo no Brasil.