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MTST garante que não deixa área ocupada

Aproximadamente 2.500 famílias estão em terreno público no Jardim Alvorada, em Santo André

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
20/07/2016 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


 Sem definição sobre a data da reintegração de posse de terreno público ocupado desde o dia 9 pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), no Jardim Alvorada, em Santo André, ocupantes garantem que vão permanecer no local. Cerca de 2.500 famílias demarcaram espaço na área. Reunião dos líderes do MTST com representantes da Prefeitura para tratar do processo de desocupação e que estava prevista para acontecer ontem não ocorreu. Na segunda-feira, a Justiça recusou o pedido de recurso do movimento contra a liminar obtida pela Prefeitura autorizando a retirada dos ocupantes.

Ao longo da tarde de ontem, fila com aproximadamente 200 pessoas se formava no local para se cadastrar junto ao MTST. “A vida do movimento é a massificação e essas pessoas estão entrando na luta com a gente”, disse um militante, que preferiu não se identificar por receio de represália policial.

A jovem Micaele Íris, 19, era uma das pessoas que buscavam integrar-se ao grupo. Com a filha Isadora nos braços, de apenas 6 meses, a moradora da Vila Palmares soube da ocupação por meio de uma amiga que mora próximo ao terreno. “Meu marido e eu estamos desempregados e não conseguimos mais pagar o aluguel de R$ 700 por dois cômodos. Então, vim tentar alguma coisa aqui”, falou ela, que também é mãe de gêmeas de 1 ano e 7 meses.

Cleide Balbino da Silva, 34, demarcou sua área dois dias após o início da ocupação. Quando não consegue algum bico, passa o dia no barraco improvisado junto ao filho caçula, Oseias, 9 meses. “Moro em um quartinho na casa da minha mãe com meu marido, que também só está fazendo bico, e meus dois filhos. Faz tempo que tentamos uma casa nossa. Não perco a esperança nem a fé”, diz.

Nas proximidades da fila para o cadastro, amontoado de roupas e sapatos estava à disposição para ser coletado. “Recebemos doações, porque muita gente vê que o movimento é pacífico e organizado”, salienta Luiz Eduardo Aparecido Bezerra, 28, um dos integrantes do grupo.

Segundo Zelidio Barbosa Lima, 38 anos, militante do MTST, todos os dias chegam pessoas querendo ocupar a área, de 15 mil m². “Mas não conseguimos colocar mais ninguém”, fala ele, ressaltando que o grupo está cumprindo acordo feito com a administração municipal de que nenhuma nova estrutura seja erguida no local.

Em reunião com o Executivo na semana passada, o MTST ficou de buscar áreas para apresentar ao poder público a fim de viabilizar unidades habitacionais por meio do programa Minha Casa, Minha Vida Entidades. No entanto, Lima declara que o grupo espera “que a Prefeitura faça a parte dela”, acrescentando que as famílias não desocuparão o terreno a fim de evitar o processo de reintegração. “Se a Prefeitura não responder o mais rápido possível, Santo André vai parar”, fala, referindo-se a tomada das ruas pela militância. “Toda resposta vem da rua.”

Na última semana, o grupo promoveu caminhada até a Caixa Econômica Federal, na Avenida Industrial, a fim de pedir que a instituição repasse as demandas ao governo federal.

 




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