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Plano antienchente não empolga

Moradores e comerciantes de áreas que alagam na região não confiam que projeto do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC resolverá problema

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
06/07/2016 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC

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A população do Grande ABC que a cada ano sofre e contabiliza inúmeros prejuízos devido às fortes chuvas não confia que o Plano Regional de Macro e Microdrenagem, encomendado pelo Consórcio Intermunicipal do Grande ABC e ainda inacabado, saia do papel e resolva o problema.

Conforme o Diário noticiou ontem, dados preliminares fornecidos pela entidade indicam que, para resolver o problema, é preciso despender R$ 2 bilhões na construção de 38 piscinões e realização de 214 intervenções em mais de 50 quilômetros de vias das sete cidades. A proposta é inexequível, já que em pleno momento de crise econômica no País, não há linhas de crédito disponíveis junto ao governo federal e tampouco previsão de auxílio na obtenção de recursos.

“É um plano mirabolante. Estão sonhando alto. O povo está cansado de ser enganado”, desabafou o comerciante José Carlos Lopes, 59, morador da Vila América, em Santo André, bairro que sofre com as enchentes rotineiramente. “Já perdi móveis em algumas ocasiões. Para tentar amenizar a situação, fiz uma rampa de 1,5 metro de extensão na entrada de casa. Quando um engenheiro da Prefeitura viu, disse que estava irregular e iria me autuar. Pedi que viesse de canoa em um dia de enchente e ele acabou desistindo”, contou.

“As ideias de soluções sempre são muito boas, o difícil é ver sair do papel. Aqui na Vila América, desde que o mundo é mundo tem enchente”, fala o porteiro Alfredo Paulista, 56. Ele também já teve o dissabor de ver todos os bens materiais, conquistados com tanto esforço, “flutuando” nas águas da enchente. Na tentativa de minimizar os estragos, instalou comporta em sua casa. “Na verdade nem adianta muito”, lamentou.

Morador próximo a Alfredo, o inspetor de qualidade Angelo Fernandes do Prado, 34, também blindou sua casa com comporta. “Coloquei três válvulas de retenção de esgoto. Gastei em torno de R$ 5.000”, disse ele, que já perdeu os móveis do quarto na enchente. Para o munícipe, que colocou a casa à venda, o Plano Regional do Consórcio é “mais uma promessa.”

Em São Bernardo, Paulo Sergio de Souza e Silva, 60, proprietário de banca de jornais e revistas na Rua Marechal Deodoro, também é vítima corriqueira das enchentes. “Perco revistas toda santa vez que chove forte. Só não perco em período de seca”, salientou. Na última, neste ano, o prejuízo foi de R$ 5.000. Já desacreditado com as obras inacabadas do Projeto Drenar, executadas pelo prefeito Luiz Marinho (PT), ele também não cria expectativas positivas em relação à proposta do Consórcio Intermunicipal. “(Não acredito que sairá do papel) ainda mais na atual situação do País. Só nos resta continuar entregando para Deus.”

O Plano Regional de Macro e Microdrenagem foi encomendado à empresa KF2 Engenharia e Consultoria, com investimento de R$ 1,5 milhão. O Consórcio espera apresentar o plano completo no início de agosto e agendar audiências públicas para divulgar as intervenções à população.
 




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