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Pipas incomodam vizinhos de parque

Área ao redor do Parque da Juventude, em Santo André, é tomada por jovens aos fins de semana, quando uso de linha cortante se torna rotina

Renato Fontes
Especial para o Diário
04/07/2016 | 19:40
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Denis Maciel/DGABC


 Frequentadores e vizinhos do Parque da Juventude, no Jardim Ipanema, em Santo André, estão preocupados com o perigo que vem do céu durante as férias: a linha cortante.

A equipe do Diário esteve sábado no local e flagrou o uso de linha chilena (mistura de cola, quartzo moído e óxido de alumínio) em pipas por dezenas de jovens nas partes interna e externa do parque.

A base da GCM (Guarda Civil Municipal) de Santo André, que funcionava dentro do Parque da Juventude e poderia fiscalizar a ação, está desativada. Um carro da PM (Polícia Militar) foi avistado passando pela Avenida Procópio Ferreira, mas não houve abordagem. “A PM não pode sair por aí abordando qualquer um que esteja empinando pipa. A equipe atua mediante denúncia”, explica o comandante da PM no Grande ABC, coronel Marcelo Cortez Ramos de Paula.

Conforme a lei estadual 10.017/98, quem for pego fazendo uso de linha cortante pode ser condenado a pagar multa, que varia de R$ 100 a R$ 1.500, além de responder na Justiça.

Mesmo sabendo que a prática é crime, alguns ambulantes se arriscam comercializando a linha cortante no entorno do parque. Sem se identificar, a equipe do Diário se passou por cliente e tentou comprar a linha chilena de um jovem que vendia pipas em carro estacionado na porta do local. O garoto, porém, informou que o material havia acabado, mas que no dia seguinte (domingo) traria o produto. Desconfiado, ele não informou o valor e a procedência da linha.

O estudante Matheus Oliveira, 17, não dispensa o uso do cortante industrializado na hora de travar um duelo no céu. “A linha chilena não tem falhas como a feita com cerol. Isso ajuda na hora de cortar a pipa dos outros”, revela. Mesmo ciente do perigo, o jovem afirma que hoje é quase impossível manter o papagaio no ar sem cerol. “Você perde a pipa rápido. Ninguém tem dó”, lamenta ele, que gasta mais de R$ 100 com pipas e acessórios durante as férias.

A aposentada Claudete da Silva, 64, costuma levar o neto de 8 anos ao Parque da Juventude para andar de bicicleta. “Além do céu, temos que olhar para o chão, pois a molecada deixa muita linha espalhada. É um perigo”, afirma. A ameaça também preocupa autônomo Antônio Martins, 48. “Morro de medo da linha pegar no pescoço e cortar.”

Além do incômodo da pipa, vizinhos também reclamam da falta de Segurança e do consumo de drogas dentro do parque. A movimentação intensa de jovens empinando pipa nas ruas do entorno chega até a impedir o trânsito.

Procurada, a Prefeitura, por meio da Secretaria de Segurança Urbana e Comunitária, esclarece que a lei 9.303, de 23 de dezembro de 2010, que versa sobre a comercialização do cerol ou produto similar cortante no âmbito do município precisa ser adequada a fim de ser aplicada em sua plenitude. Além disso, informou que o parque é coberto por rondas da GCM, realizadas por equipes de patrulha da 3ª inspetoria, que é a unidade operacional responsável pelo local. Os funcionários são orientados a acionar a GCM sempre que notarem algo relacionado a segurança e que lhes chame a atenção. A GCM em parceria com a PM, vem realizando diversas operações conjuntas na região.




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