Política Titulo Crise
Câmara de São Bernardo adia discussão de salários

Decisão sobre aumento dos vencimentos
sairá na semana do primeiro turno da eleição

Leandro Baldini
Do Diário do Grande ABC
30/06/2016 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Sem consenso após diálogo de três horas, os vereadores de São Bernardo decidiram ontem adiar para setembro a definição sobre reajuste dos próprios salários. A medida, que pode elevar de R$ 15.031,76 para R$ 18.991,69 os vencimentos a partir da próxima legislatura (2017-2020), foi tratada a portas fechadas durante a última sessão antes do recesso do meio do ano. O tema deve voltar na semana do primeiro turno da eleição, marcado para o dia 2 de outubro.

O anúncio oficial do adiamento foi feito pelo presidente da Casa, José Luís Ferrarezi (PT). Durante sessão, vereadores chegaram a afirmar que não ocorreria acréscimo nos salários. “Hoje (ontem) ninguém foi taxativo pela definição (sobre reajuste). Foi um amplo debate, com pró e contra, falando sobre situação do cenário (econômico do País). Diante disso, houve consenso para que fosse esperado até a última sessão de setembro (do dia 28) para que deliberássemos. Qualquer vereador que estiver falando diferente disso deve colocar uma melancia no pescoço para aparecer um pouco mais”, alfinetou Ferrarezi.

Conforme apuração do Diário, ainda há vereadores que defendem o aumento salarial. A presidência da Casa quer que apreciação seja somente por acordo de liderança, ou seja, de maneira unânime, para que ninguém tire proveito político. Transferir o debate às vésperas da eleição pode prejudicar vereadores por aumentar os vencimentos em momento de dificuldade do País, mas ocorrerá em época em que o foco da população não estará na Câmara e sim na eleição majoritária.

Com o adiamento, o Parlamento são-bernardense se junta ao de Santo André, que também deixou para setembro a conclusão sobre majoração salarial. Já os vereadores de São Caetano e Mauá estabeleceram congelamento dos contracheques (leia mais ao lado).

Na bancada do PT, Tião Mateus e Luiz Francisco da Silva, o Luizinho, avisaram que, independentemente da prorrogação da votação, vão manter votos contra majoração. “A situação econômica no País é desfavorável. Hoje (ontem) ou daqui alguns meses vou seguir contra a qualquer aumento”, discorreu Tião Mateus.

Um dos articuladores do G-8 (ala independente na Casa), Mauro Miaguti (DEM) manteve a linha dos petistas. “Não é hora de pautar sobre isso (aumento salarial), mesmo com os direitos. Será válido para a próxima legislatura, mas é preciso ter calma para definir essa pauta.”

Pela oposição, Juarez Tudo Azul (PSDB) endossou contrariedade à matéria. “Por mim, definia hoje (ontem) para não ter nenhum aumento. Agora, ficou lá para frente. Eu não mudarei minha posição.” 

São Caetano e Mauá rejeitaram elevar remuneração parlamentar

O adiamento da decisão sobre aumento dos salários dos vereadores em São Bernardo contrastou com as medidas adotadas pelos Legislativos de São Caetano e Mauá. Nas duas cidades, os parlamentares deliberaram por manter o valor dos contracheques para a próxima legislatura.

O episódio registrado ontem em São Bernardo somente se assemelha ao ocorrido no Parlamento de Santo André, que neste mês transferiu discussão sobre majoração salarial para setembro. Pela lei eleitoral, os parlamentares têm até a última sessão antes do pleito eleitoral (2 de outubro) para definir sobre remuneração à próxima legislatura. Os holerites dos vereadores andreenses são idênticos aos de São Bernardo, R$ 15.031,76. O cenário para votação é incerto.

Em São Caetano, os 19 parlamentares votaram por unanimidade pelo congelamento dos vencimentos na sessão do dia 14. Os eleitos para o próximo mandato permanecerão recebendo mensalmente a quantia de R$ 10 mil. Na ocasião, foi definida também manutenção do salário do prefeito (hoje em R$ 20 mil), do vice (R$ 10 mil) e dos secretários, estimados em R$ 19 mil.

No Legislativo de Mauá, a sentença ocorreu na terça-feira, também pelo consentimento dos 21 parlamentares. Em 2017, os vereadores continuarão com salário mensal de R$ 12.025,40. O holerite do prefeito (R$ 18.576,09), do vice (R$ 9.288,04) e dos secretários (R$ 12 mil) também foi congelado para a próxima legislatura.

No ano passado, vereadores de Diadema chegaram a aprovar reajuste de 49% (saltando de R$ 10.192,10 para R$ 15.193,27), mas recuaram depois de forte pressão popular.




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