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Boulevard Itambé continua às moscas
Michelly Cyrillo
Do Diário do Grande ABC
16/07/2010 | 09:35
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Ari Paleta/DGABC


Os corredores vazios comprovam: o Boulevard Itambé, centro popular de compras de Santo André, não atrai público. Há dois anos instalados no local, os comerciantes reclamam da falta de clientes e dos produtos encalhados nas prateleiras. Já os consumidores afirmam que o espaço está fora de mão.

Inaugurado no dia 14 de julho de 2008, o Boulevard abriga os ambulantes que trabalhavam nas calçadas da região central da cidade.

Mesmo em dias úteis, em pleno horário comercial, muito dos 133 boxes permanecem fechados e a maioria das pessoas que circulam por lá são os próprios comerciantes. Apesar da localização privilegiada, ao lado do Terminal da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos) e da Estação da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), os clientes não entram no centro de compras.

"Fomos obrigados por lei municipal a ficar confinados nesse espaço, e não temos retorno algum financeiro. Todo mundo tem família para sustentar, e aqui não vendemos nada. A lei foi criada para tirar todos os ambulantes da calçada, porque atrapalhavam a passagem de pedestres. E o que vemos é que outros ambulantes estão trabalhando na rua e lucrando", protestou o secretário do Boulervad Joverlino Francisco Bueno.

Ontem, quando a equipe do Diário visitou o espaço, cerca de 80 boxes estavam abertos.

"Camelô tem que ficar à mão, as pessoas não vão até um camelódromo comprar um par de meias. Toda vez que passo por aqui, está vazio. Eu mesma venho raramente. Comprava muito mais quando eles ficavam na rua. Se estou no calçadão, não venho até aqui para comprar. Ou deixo pra outro dia, ou procuro os ambulantes que estão camuflados no Centro", contou a atendente Lucia Mara Araújo, 32 anos.

O empreendimento custou cerca de R$ 2 milhões à Prefeitura. Desde que foi inaugurado, os comerciantes cobram melhorias da administração, como a cobertura para o espaço. "Eles instalaram um guarda-sol, mas não a cobertura. Nós tivemos que fazer rateio e instalamos lonas para evitar a chuva, mas mesmo assim entra água", disse o comerciante Plácido Sousa de Brito.

Os comerciantes já participaram de palestras e workshops e levaram atrações musicais para o espaço. Mas, mesmo assim, não atraíram o público esperado. "Falta propaganda, não existe uma loja que consiga vender sem anunciar. Apesar de ter dois anos, muita gente não conhece", explicou Bueno.

O cobrador Luis Ribeiro de Lima, 22, concordou com o secretário do Boulervar. "Pego ônibus no terminal todos os dias e não sabia que tinha este camelôdromo aqui. Ele é meio escondido. Acho que se fizessem uma fachada chamativa ou destribuíssem panfletos na Estação, as pessoas iriam conhecer o local."

Segundo Bueno, em março foi elaborado um projeto para se realizar melhorias no local. "O projeto está pronto no papel. Falta a verba para a Prefeitura executá-lo. Parece que iriam buscar os recursos com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)."

 

Promessas de melhoria não saíram do papel

 

Neste ano três secretários já assumirama a Pasta do Desenvolvimento Econômico e Trabalho. O atual secretário, Edson Salvo Melo, assumiu o cargo dia 14.

Em fevereiro, o então secretário Vanderlei Retondo afirmou ao Diário que pretendia melhorar a infraestrutura do Boulevar para que, futuramente, o espaço pudesse gerar recursos financeiros prórpios e ser administrado como um shopping pelos comerciantes. Na ocasião, Retondo garantiu que buscaria recursos no BNDES para investir. Já em março, o novo secretário Beto Torrado explicou que pretendia iniciar a reforma do centro de compras até julho. Até agora, nada foi feito.

O secretário do Boulervard enfatizou que a troca dos secretários está atrapalhando o processo. "Em seis meses foram três, e cada um chega com uma ideia. Mas até agora nada foi executado e tampouco há prazos."

A Pefeitura informou que o atual secretário ainda não tomou conhecimento dos problemas referentes ao Itambé, e que por isso não irá se pronunciar.

 




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