Política Titulo Ribeirão Pires
Assessor isenta Cléo e nega irregularidades

Flagrado doando guias médicas, Simei
Nascimento afirma que denúncia é ‘politicagem’

Vitória Rocha
Especial para o Diário
22/06/2016 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Ex-chefe de gabinete da vereadora de Ribeirão Pires Cléo Meira (PTN), Simei Nascimento negou que tenha cometido irregularidades após ter sido flagrado doando guias médicas assinadas para furar fila na lista de exame de mamografia na Carreta Mulheres de Peito, serviço oferecido pelo governo do Estado. Ele também isentou a parlamentar de participação no suposto esquema. O profissional foi exonerado depois que o caso veio a público.

Num primeiro momento, o ex-assessor alegou que a acusação era de cunho político e não admitiu ter entregue encaminhamentos médicos. “Não tenho nada a dizer, foi algo armado politicamente. As guias são entregues nos postos”, afirmou.

Questionado novamente sobre o fato, Simei Nascimento confirmou o ocorrido, mas negou que tenha feito algo errado. “Uma mulher de 50 anos tinha deixado comigo uma guia assinada para eu ajudá-la a preencher e não voltou mais ao gabinete para buscá-la. Eu dei a guia para a moça (atriz) porque ela estava quase chorando dizendo que já havia tentado várias vezes no posto (obter o documento médico) e não tinha conseguido, alegando que a mãe estava doente. Eu não facilitei, não passei na frente de ninguém”.

A gravação divulgada pelo jornal Diário de Ribeirão Pires, no entanto, mostra que a atriz não precisou insistir muito para conseguir a guia do exame para a mãe. Durante a conversa com Simei Nascimento, após ela alegar dificuldade em obter o encaminhamento pela UBS (Unidade Básica de Saúde), o ex-servidor pede para que ela espere e volta com o documento. “Mas você pode esperar um pouquinho?”, diz e uma outra auxiliar do gabinete confirma para a atriz: “Ele vai te ajudar”. A gravação dá indícios de que a guia distribuída à atriz não era única.

Segundo o ex-assessor, o que está sendo feito em cima do caso é injustiça com ele e com a vereadora. “Deixaram essa guia para eu preencher. Preencher não é crime. Crime é você falsificar assinatura, carimbo. Não é um documento forjado. É uma injustiça o que estão fazendo com a Cléo, é politicagem. Ela foi obrigada a me exonerar”, sustentou.

Durante o vídeo, após a entrega da guia para a atriz, Simei Nascimento pergunta se ela já tem candidata a vereança. “Você vota? Vota na ‘Doninha’”, disse. Em seguida, a outra funcionária do gabinete emenda: “Na Cléo”. Apesar disso, a parlamentar nega ter conhecimento ou participar do suposto esquema. A médica Yarisleydis Nunez Videt, profissional registrada nos Mais Médicos, do governo federal, não foi encontrada para falar sobre o caso. Após a sessão de ontem, Cléo Meira não quis comentar o episódio nem as declarações do ex-funcionário.

Aliado de Kiko, PPL pede cassação da parlamentar

O presidente do PPL em Ribeirão Pires, Marinho do Gás, e o primeiro suplente de vereador do PTN, Rogério do Açougue, entraram com representação no Ministério Público contra a vereadora Cléo Meira (PTN) por conta do flagrante de doação de guias médicas para realização de mamografia na Carreta Mulheres de Peito.

Da base do pré-candidato ao Paço e ex-prefeito de Rio Grande da Serra Adler Kiko Teixeira (PSB), o PPL alega corrupção passiva, crime de falsificação de documento e conduta ilícita e pede que a vereadora seja cassada, uma vez que, se comprovada a ilegalidade, há configuração de quebra de decoro parlamentar por uso do equipamento público em benefício próprio, pode haver perda de mandato por improbidade administrativa.

Segundo Rogério – hoje no PPL –, ser suplente não foi a motivação para que o partido tenha entrado com a representação. “A intenção nem é pela questão de ser suplente porque existe a janela partidária e ainda há possibilidade de conseguir a cadeira, segundo meu advogado, mas não foi por isso. Estou é indignado com a compra de votos.”

Há boatos de que a ação contra Cléo tenha sido motivada por revanche por parte de Kiko. No início do ano, a parlamentar assinou documento enviado ao MP para investigar domicílio eleitoral do ex-prefeito. A acusação é que o socialista não residiria em Ribeirão Pires.

Kiko foi evasivo. “Eu não conversei com o presidente do PPL a respeito deste assunto, os partidos têm sua ação. Acho que toda medida para apurar tem de ser tomada. A gente tem 12 partidos conosco e o PPL é um deles”. 




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