Setecidades Titulo Frio
Morador de rua morre em Diadema

Edinaldo Santos, 52 anos, dormia em esquina do
bairro Taboão e teve infarto; colegas culpam frio

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
22/06/2016 | 07:07
Compartilhar notícia
Nario Barbosa/DGABC


Um morador em situação de rua morreu no bairro Taboão, em Diadema, na noite de segunda-feira. Conforme informações da Prefeitura, a vítima é Edinaldo Santos, 52 anos. Apesar de temperaturas por volta de 12ºC, a administração afirmou que a causa da morte foi infarto agudo do miocárdio. Colegas de Santos culpam o frio.

Trata-se do primeiro morador de rua morto neste ano no Grande ABC, conforme dados das prefeituras. Na região central da Capital, foram cinco mortes desde o início do mês.

Conforme moradores do bairro, Santos estava no local há cerca de dois meses e consumia bebidas alcoólicas. Na tarde de ontem, pertences como cobertor, roupas e mochila ainda estavam na esquina da Rua România, onde ele dormia.

A bombeira Grayce Kelly Parreira, 26, que mora no bairro desde que nasceu, foi quem chamou o resgate. Todas as noites, ela levava um copo de café com leite e um lanche para o morador. “Era por volta de 20h30 quando saí de casa e vi que ele estava jogado na rua, sem o cobertor, rodeado de populares. Percebi que ele estava gelado e não tinha mais pulsação”, disse.

O comerciante de uma banca de jornal Milton Leonardi Filho, 50, também ajudava Santos. “Ele estava comendo pouco. Na última semana, me pediu um suco”, afirmou.

Grayce contou que a vítima vivia nas ruas porque a ex-mulher o expulsou de casa devido aos problemas com o álcool. Segundo ela, a família vive perto do bairro e apareceu no local para reconhecer o corpo.

A equipe do Diário esteve no bairro Taboão e contou pelo menos mais seis pessoas na mesma situação. O número chega a 20 durante a noite, segundo a bombeira, que distribui comida e roupas. “Isso começou a acontecer neste ano. Eles dizem que se deslocam até aqui porque os guardas-civis municipais os expulsam das áreas centrais da cidade.”

No quarteirão acima da rua onde vivia Santos, o casal Priscila dos Santos Pereira, 30, e Márcio Santos Silva, 38, vive sob cabana improvisada com lençóis. Os dois alegam que apanharam da GCM (Guarda Civil Municipal) em praça próxima à Prefeitura. “Eles batiam na gente à noite, então saímos de lá”, disse Silva.

Priscila, que sofre de bronquite, tem dificuldades para falar e respirar e se emocionou ao contar a história de sofrimento de quatro anos vivendo nas ruas. “Meu marido trabalhava em uma empresa, mas ele perdeu o emprego e não conseguimos mais nada. O jeito foi vir morar na rua, porque a gente não tinha mais nenhuma condição.”

O casal é pai de quatro filhos adolescentes, que moram com a mãe de Silva. “É triste porque não temos nem o que comer. A gente depende da bondade dos outros até para remédios”, afirmou.

A Prefeitura de Diadema afirmou que a GCM faz rondas apenas voltadas para a Segurança e não realiza abordagem a moradores de rua. A administração também informou que, para atender esse público, mantém convênios com dois albergues noturnos, que juntos disponibilizam 70 vagas. Durante o dia, o atendimento é feito pelo Centro Pop (Centro de Assistência Social Especializado em Atendimento às Pessoas em Situação de Rua), localizado na Avenida Alda, 465 no Centro. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;