A Aldeia Tulor é uma ótima maneira de começar por esse imenso deserto, voltando no tempo. Descobertas em 1957 pelo sacerdote jesuíta Gustavo Le Paige, essas estruturas interligadas tinham diferentes usos e funções. Tratava-se de um povoado muito antigo, com casas circulares, totalmente coberto pela areia.

A Aldeia de Tulor fica na Reserva Nacional Los Flamencos. O processo de escavação já começou. Todas as janelas do pequeno vilarejo formado por casinhas de adobe e teto de palha são voltadas para o vulcão Licancabur, uma forma de reverenciar a natureza e a imponência do grande cuspidor de fogo. Tulor tem um quilômetro de comprimento, compreendendo cerca de dez locais com vestígios arquitetônicos.

A chamada Tulor 1 é a mais importante, com 5.600 metros quadrados de construções de barro em 22 recintos circulares ao redor dos quais foi construído um sistema de muralhas. É o primeiro registro histórico de um assentamento humano na zona Norte do Chile, e um dos sítios arqueológicos mais antigos do país.

A descoberta permitiu aos pesquisadores concluir que os antigos moradores da zona deixaram de ser nômades para se estabelecerem em Atacama.

O deserto conserva ainda sob seu manto a maior parte das habitações milenares. Apenas as cabeceiras superiores aos muros - 5% da aldeia - estão expostas. Os 95% restantes continuam debaixo da terra, em bom estado de conservação. Parte das construções foram desenterradas e expostas a um constante processo de erosão.

As partículas de areia arrastadas pelo vento golpeiam as ruínas, e as visitas não monitoradas contribuíram para a sua deterioração. Atualmente há uma passarela por onde é possível visitar o sítio sem danificar ainda mais as estruturas já desenterradas.

Em 2005, a Aldeia de Tulor foi declarada um dos 100 sítios arqueológicos mais ameaçados do mundo pelo programa não governamental World Monuments Watch. Trata-se de um lugar protegido pelo Estado, com a categoria de monumento arqueológico. Mas também é um projeto de desenvolvimento social e econômico para uma comunidade indígena. Essa e muitas outra atrações ao redor de San Pedro de Atacama são administradas por comunidades locais, que preservam os sítios e valorizam suas etnias.