Sem conseguir vender caminhões e ônibus em número suficiente para manter a produção em sua unidade de São Bernardo, a Mercedes-Benz optou por colocar mais 500 funcionários em licença remunerada. O novo grupo se soma ao mais antigo, de 1.300 pessoas, que está em casa recebendo salário desde fevereiro. A empresa já aderiu a todos os planos existentes para tentar evitar a demissão de trabalhadores, mas nenhum deles garantiu fôlego suficiente para afastar o fantasma dos cortes.

O episódio protagonizado pela Mercedes-Benz expõe o equívoco do governo da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) – que enfrenta processo de impeachment por, de acordo com a acusação, ter manipulado ilegalmente as contas públicas para maquiar a real situação do País – na execução de políticas de emprego. O Brasil não necessita de medidas pontuais, de socorro. A Nação precisa de ambiente de negócios sadio para que as empresas se desenvolvam por si.

Quantos milhões de reais o governo Dilma gastou para desenvolver o PPE (Programa de Proteção ao Emprego), que financia com dinheiro público parte do salário dos funcionários ociosos? E qual o resultado do projeto, menos de um ano depois de ser lançado, em julho de 2015? Nenhum. Todas as companhias que se utilizaram dele estão novamente sufocadas pela manutenção de funcionários muito acima do que a demanda do mercado exige.

É por isso que o governo interino (e legitimamente constituído, diga-se, posto que se trata da alternativa constitucional), comandado por Michel Temer (PMDB), deve gastar menos energia em planos pontuais e mais em criar condições para a economia voltar a crescer. Nem que, para isso, seja preciso algum sacrifício momentâneo. O PPE, assim como toda alternativa populista, esgotou-se sem solucionar o problema que ensejou sua criação. As empresas, os trabalhadores e, principalmente, a sociedade como um todo esperam que o peemedebista, ciente dos erros cometidos pela antecessora, seja mais hábil na condução de assunto de tamanho interesse. E rápido.