Economia Titulo Em São Bernardo
Cliente da Karmann Ghia entra na Justiça para recuperar máquinas

Fornecedora da Volvo, fábrica no Interior está com linhas paradas

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
31/05/2016 | 07:29
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A SAG, fabricante de tanques de combustível para caminhões com sede em Jaguariúna, no Interior, entrou na Justiça para tentar recuperar parte do maquinário que utiliza na sua produção e que está alocado dentro da planta da Karmann Ghia, em São Bernardo. A firma localizada no Grande ABC está em greve desde abril devido ao não pagamento de salários e benefícios aos 330 funcionários.

Fornecedora da montadora Volvo, a SAG afirma estar com a produção interrompida em razão da paralisação na Karmann e não ter condições de trabalhar com outro fabricante, pois todo o equipamento necessário para a atividade está em posse da firma de São Bernardo.

Em primeira instância, o juiz Fernando de Oliveira Domingues Ladeira, da 7ª Vara Cível da cidade, indeferiu o pedido feito pela SAG. Em sua decisão, assinada no fim do mês, o magistrado argumenta que “é imperiosa cautela na concessão de ordens de retirada de bens móveis para preservação do ativo permanente encontrado nos estabelecimentos comerciais de empresas em má condição financeira para evitar indevida saída dos objetos, ainda mais se indícios apontam situação prévia de insolvência em prejuízo à massa de futuros credores, pois sabe-se, por regras de experiência, que, muitas vezes, são retirados bens de ativo permanente de empresas momentos antes da quebra por meios diversos, o que justifica, por consequência, a necessidade de certeza para aferir se os bens descritos são da autora (SAG) ou da requerida (Karmann Ghia)”.

De fato, a Karmann está em péssima situação financeira, com o passivo chegando perto de R$ 300 milhões. Desse total, R$ 8 milhões são de dívidas trabalhistas, R$ 50 milhões de despesas com bancos e fornecedores e R$ 140 milhões de tributos.

Nos autos, a SAG acusa integrantes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC de impedirem a retirada do maquinário, versão que é contestada por Carlos Caramelo, diretor da entidade sindical. “Nós não somos proprietários desse equipamento, portanto, não é conosco que eles têm de negociar. Se a Justiça determinar que essas máquinas devem ser entregues, não faremos qualquer objeção ou resistência”, comenta. “Eles têm de procurar os donos da empresa, e não os trabalhadores”, acrescenta o sindicalista.

A propriedade da Karmann Ghia é alvo de outro impasse judicial envolvendo a empresária Maristela Astorri Nardini e o trineto do imperador Dom Pedro II, o príncipe Eudes Maria Regnier Pedro José de Orleans e Bragança. O grupo empresarial ligado a dom Eudes passou a integrar a sociedade da Karmann em 2010. Em 2014, Maristela assinou contrato de compra no valor de R$ 17,8 milhões, que seriam pagos em 52 parcelas, mas apenas uma foi quitada.

No mês passado, o juiz Rodrigo Faccio da Silveira, da 3ª Vara Cível de São Bernardo, determinou que a propriedade da empresa retorne ao príncipe. Maristela recorreu da decisão por meio de um embargo de declaração, solicitando que o Judiciário reveja a ação.

Mesmo assim, o sindicato revela que nenhum representante ligado ao príncipe apareceu na fábrica para atender aos trabalhadores. 




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