Em meio a cenário desanimador, sem nenhuma perspectiva de melhora a curto prazo, a indústria celebra hoje o dia que especialmente lhe dedica o calendário. A aridez do momento, todavia, tira o brilho da efeméride. Os 72 mil postos de trabalho desintegrados em cinco anos apenas no Grande ABC dão ideia de a quantas anda o processo de enxugamento do setor. Afinal, é sabido que a queda nos negócios precede o desemprego. A situação também não está boa para os 265 mil industriários que se mantêm ocupados, mas também temem pelo futuro.
Aos poucos vai se desfazendo o otimismo acumulado pela expectativa de mudança no governo federal, que subiu alguns degraus quando a presidente Dilma Rousseff (PT), acusada de maquiar dados fiscais para enganar a população sobre a real situação das contas públicas, foi apeada temporariamente do poder para responder a processo de impeachment no Senado. O primeiro pacote econômico anunciado ontem pela equipe do interino Michel Temer (PMDB) não trouxe nenhuma novidade capaz de dar esperança a quem tanto depende da indústria, como o Grande ABC.
O setor produtivo não teve motivos para comemorar as primeiras medidas anunciadas pelo peemedebista – a população em geral teve decepção ainda maior, tendo de ouvir que receitas com Saúde e Educação poderão sofrer cortes. Há elementos de sobra para que o segmento se preocupe com a possível escalada de impostos – cujo anúncio deve ter sido retido tão somente para não ampliar o desgaste do novo governo, chamuscado pela divulgação, na segunda-feira, de áudios em que o senador Romero Jucá (PMDB-RR), então braço direito do peemedebista, discute maneiras de conter as investigações da Operação Lava Jato.
Temer pediu paciência à sociedade. É possível atender ao pleito do peemedebista, desde que ele mostre que pode fazer muito mais do que apenas falar português de forma escorreita, inclusive no emprego da mesóclise. O presidente em exercício perdeu a oportunidade de presentear a indústria com uma boa notícia.
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