Setecidades Titulo H1N1
Clínicas aumentam preço de vacina

Além da ausência de doses na rede pública,
unidades privadas também têm desabastecimento

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
17/05/2016 | 07:00
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André Henriques/DGABC


Com preços mais altos que os praticados entre março e abril, é possível encontrar a vacina contra a Influenza A, causada pelo vírus H1N1, em poucas clínicas particulares e com disponibilidade somente para crianças menores de 3 anos. O grupo está sendo priorizado, já que aquelas que não receberam nenhuma dose em anos anteriores precisam ser imunizadas duas vezes. Nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) das sete cidades não há mais estoque e especialistas ressaltam que, para completa proteção, as duas doses são imprescindíveis.

O Diário entrou em contato com 13 clínicas privadas ontem. Na Pró-Imune, que tem unidades em Santo André, São Caetano e São Bernardo, as atendentes informam que só estão sendo vacinados os menores de 3 anos. A dose, que custava no mês passado R$ 100, passou para R$ 120, aumento de 20%.

Na Lab Hormon, unidade Jardim, em Santo André, por telefone, a recepcionista disse que as vacinas acabaram ontem e foi pedido outro lote ao fornecedor. Já por meio de mensagem em uma rede social, a informação passada foi de que havia “duas ou três unidades da vacina quadrivalente (que protege contra quatro tipos de vírus) uso adulto e pediátrico acima de 3 anos” e ainda tinham em estoque vacinas pediátricas (6 meses a 2 anos e 11 meses). O valor, que no dia 31 de março era de R$ 88, subiu para R$ 110, 25% mais caro.

A justificativa da clínica é que, em 1º de abril, o governo liberou aumento nos medicamentos e as demais remessas já foram entregues com o reajuste passado aos consumidores. Na data, resolução da CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos), órgão do governo federal formado por representantes de vários ministérios, fixou em 12,5% o reajuste máximo permitido aos fabricantes na definição dos preços dos medicamentos.

Se não houvesse essa justificativa, a elevação do valor poderia ser considerada abusiva, segundo a advogada especialista em Direito do Consumidor Ana Paula Moraes Satcheki. Isso porque, de acordo com o artigo 39, inciso 10, do Código de Defesa do Consumidor, entre as práticas abusivas é vedado ao fornecedor “elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços”, explica ela.

Na Clínica Pró-Saúde, em São Bernardo, a atendente fala que não há a vacina no momento, mas pode ser que “em breve” cheguem mais doses para menores de 3 anos. “Fora dessa faixa etária não teremos mais. E o valor é R$ 130”, disse. Em março, a vacina custava R$ 100.

O Laboratório Rocha Lima, em São Caetano, tem “algumas doses, mas só para crianças até 3 anos”, pelo valor de R$ 100. Na mesma cidade, a recepcionista da Clínica Vital afirmou que não há vacina contra a gripe nem chegará mais. Nas demais clínicas consultadas, a informação é a de que o estoque está esgotado e não há previsão de reposição.

O processo produtivo da vacina dura entre quatro e seis meses. Por essa razão, e com a alta procura, o mais provável é que não haja reabastecimento nos estoques das clínicas.

As principais fabricantes da imunização para o mercado privado – os laboratórios Sanofi Pasteur e GSK – não divulgam o número de doses produzidas neste ano nem os investimentos, sob alegação de que são informações de caráter estratégico.

Em nota, a Sanofi Pasteur declarou que atendeu a todas as solicitações realizadas antecipadamente pelas clínicas de vacinação e que “empreendeu todos os esforços para responder à demanda brasileira e conseguiu antecipar a entrega dos lotes de vacina”.

Já a GSK disse que a procura atual cresceu de maneira inesperada, causando desequilíbrio entre a demanda real e o cálculo de demanda do mercado em 2016.

 

Campanha nacional acaba na sexta, mas UBSs seguem sem doses

Apesar de a campanha de vacinação contra a gripe terminar na sexta-feira, nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) das sete cidades da região o encerramento foi forçado pela falta de vacinas. Conforme o Diário noticiou no sábado, o Ministério da Saúde afirmou que já encaminhou 100% das doses à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, que faz o repasse aos municípios. A Pasta estadual, por sua vez, também disse que foram entregues para o Grande ABC 100% das doses da vacina da gripe previstas para a realização da campanha.

Com isso, as crianças entre 6 meses e menores de 5 anos que não receberam nenhuma dose da vacina contra a gripe em anos anteriores e precisam do reforço ficarão sem.

Até o dia 10, foram confirmados 37 casos de gripe H1N1 na região. Desse total, foram registrados 12 óbitos de moradores da região, sendo sete em Santo André, três em São Bernardo, uma em Mauá e uma em Ribeirão Pires.

 




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