"Confirma-se de fato a importância do comércio e também a declaração de Miami da reunião ministerial (de novembro passado). É simplesmente uma questão de ênfase nos conteúdos", explicou na madrugada deste domingo Carlos Jarque, do Banco Interamericano do Desenvolvimento (BID), no final de uma maratona de negociações.
"Obviamente que o importante aqui é o reconhecimento do comércio como um motor para o crescimento de nossas economias, como uma fonte de criação de empregos e o que se busca é que os fluxos comerciais tenham um impacto positivo sobre a população, principalmente sobre os grupos marginalizados", acrescentou.
O Brasil deseja que a cúpula se concentre em temas sociais e que não incluísse nenhuma menção à Alca, alegando que não é o âmbito adequado para discuti-la. Os Estados Unidos, em compensação, desejam uma referência explícita e ao nível presidencial do compromisso de formar uma área de livre comércio no hemisfério a partir de 2005.
O projeto de declaração dá ênfase ao desenvolvimento social e à redução da pobreza, revelou o funcionário do BID. A posição do Brasil teve apoio da Venezuela, que até agora não deu o braço a torcer aos Estados Unidos.
O embaixador de Caracas junto à Organização dos Estados Americanos (OEA), Jorge Valero, reconheceu que "há alguns países que estão tentando encontrar uma forma de tornar a menção à Alca mais light".
Mas disse que a Venezuela "colocou todo parágrafo entre colchetes (em suspenso) e o Brasil fez o mesmo até a parte que não inclui a data de 2005".
O presidente da cúpula, Miguel Harkim, subsecretário geral da diplomacia mexicana, vai realizar esforços neste domingo para tentar aproximar as partes, mas é possível que a decisão final fique nas mãos dos presidentes, adiantaram fontes diplomáticas.
A cúpula acontece nesta segunda-feira e terça-feira, com a presença de 34 chefes de Estado e de Governo, entre eles os presidentes George W. Bush (Estados Unidos), Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil) e Hugo Chávez (Venezuela).
Os diplomatas entrevistados afirmaram que ainda há outros três temas em discussão: o combate à corrupção, custos de remessas e prazos para diminuir os percentuais cobrados sobre os envios de dinheiro dos imigrantes e a proposta venezuelana de criar um fundo humanitário internacional, a qual os Estados Unidos e o Canadá se opõem.
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