Economia Titulo Geração de riquezas
PIB do Grande ABC encolheu 2,6% em 2015, segundo a Metodista

Economia regional registra retração por dois
anos seguidos, apontam dados preliminares

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
29/04/2016 | 07:25
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Divulgação


O Observatório Econômico da Universidade Metodista estima que o PIB (Produto Interno Bruto) do Grande ABC em 2015 teve queda de 2,6% na comparação com o ano anterior. Para 2014, o departamento calcula que houve retração de 2,7% no total de riquezas geradas nas sete cidades. O ajuste fiscal, a insegurança diante do cenário político e as taxas de juros elevadas estão entre os principais causadores da recessão na região.

Os números são preliminares, já que os dados oficiais referentes aos municípios são divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) sempre com dois anos de defasagem. Os referentes a 2014, portanto, serão publicados em dezembro.

No ano passado, o PIB nacional encolheu 3,85%. No Estado, a Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) estima retração de 4,1%. O fato de o percentual de queda do Grande ABC ser inferior não se trata de boa notícia. Isso porque a região já vem de base de comparação ruim, já que em 2014 a economia local diminuiu 2,7%. Naquele ano, os dados preliminares do Estado apontam decréscimo de 0,4%, enquanto o Brasil cresceu 0,1%.

Coordenador do Observatório, o professor Sandro Maskio afirma que a região começou a sentir antes os efeitos da crise por ter forte dependência da indústria, que foi um dos primeiros setores a sofrer com a retração. No âmbito nacional, como a atividade econômica é mais heterogênea, os demais segmentos cobrem as perdas do setor produtivo. Em 2015, por exemplo, enquanto a indústria brasileira encolheu 6,2%, a agropecuária registrou elevação de 1,8% no PIB.

Maskio explica que a recessão se deve a diversos fatores. Um deles é o ajuste fiscal, que é a tentativa do governo de acertas as contas públicas. Para isso, reduz os gastos e adota medidas para elevar a arrecadação, entre elas o reajuste de tarifas (como as contas de água e luz) e o aumento de impostos. “O ajuste fiscal tem um peso relevante porque diminui a disponibilidade de recursos na economia”, comenta.

Outra situação que contribui para o desaquecimento do País é a instabilidade política, que provoca insegurança no mercado. “O investidor precisa ter expectativas claras. Quando o ambiente é incerto e o empresário não sabe qual será a orientação da política econômica, ele tende a se retrair.”

As elevadas taxas de juros também desestimulam a atividade fabril, já que fazem aumentar a rentabilidade das aplicações financeiras. Ou seja, principalmente diante do atual cenário nebuloso, o investidor passa a considerar mais vantajoso e menos arriscado aplicar o capital em fundos de renda fixa do que aportar os recursos em aumento de produção.

Na quarta-feira, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) optou por manter a taxa básica de juros (Selic) fixada em 14,25% ao ano, percentual que está vigente desde julho do ano passado. A última redução ocorreu em outubro de 2012, quando passou de 7,5% para 7,25%.

O instrumento é utilizado pelo BC para conter a inflação, já que os juros elevados inibem o consumo. De fato, a pressão inflacionária vem caindo: o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) atingiu, em janeiro, acumulado de 10,71% em 12 meses, em fevereiro, 10,36% e, em março, 9,39%. Entretanto, Maskio avalia que essa redução se dá por desemprego e queda na renda da população, que também provocam redução de demanda.
 




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