Política Titulo Crise política
Votação e futebol dividem atenção nas ruas da região

Bares transmitiram apreciação do impeachment e partida entre São Paulo e Audax pelo Paulista

Renato Fontes
Especial para o Diário
18/04/2016 | 07:00
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A votação da abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) ontem na Câmara Federal pouco mobilizou grupos pró ou contra a petista nas principais vias do Grande ABC. Em diversos bares da região, por exemplo, muitos frequentadores optaram por assistir a partida de futebol, dividindo os ‘holofotes’. Apenas após a confirmação do resultado, no plenário, é que houve demonstrações de envolvimento, com queima de fogos e buzinaço.

A equipe do Diário percorreu ruas e centros comerciais para acompanhar a movimentação. Na Rua das Figueiras, em Santo André, e as avenidas Kennedy e Prestes Maia, em São Bernardo, e Goiás, em São Caetano, não se registrou grandes concentrações.

Nos bares, o ambiente não estava inflamado para o lado político. Embora as emissoras de TV tenham transmitido ao vivo todo o processo da apreciação desde às 14h, a votação não prendeu a atenção da maior parte do público. “Para mim, não passa de mero teatro. Por isso que não estou dando bola”, disse o motorista Felipe Brigatti, 28 anos, favorável à queda da presidente.

Já o estudante de Direito Gabriel Brito, 24, creditou a falta de áudio dos televisores de um bar que fica na Avenida Kennedy para a dispersão de interesse no local. “Como teremos vontade de acompanhar se não conseguimos ouvir o que (os políticos) estão dizendo?”, indagou o jovem, enquanto tomava copo de cerveja com um amigo.

O jogo entre São Paulo e Audax, válido pelas quartas de final do Campeonato Paulista (leia mais na página 4 do caderno Esportes) – que terminou com goleada de 4 a 1 para o time de Osasco –, foi fator que influenciou na predileção. Aqueles que compareceram aos bares das três cidades visitadas preferiam assistir à decisão entre os dois clubes. “Passo a semana toda ouvindo falar sobre impeachment. De final de semana tenho o direito de curtir o meu time ao lado dos meus companheiros”, revelou o motorista Tiago Cardozo, 29. “A partida deveria ter sido adiada. Como não foi, preferi ficar com a emoção do jogo. O resultado da votação confiro depois”, justificou Pedro de Oliveira, 32.

Lugares que foram palco de atos ficaram vazios durante a sessão

Palcos de grandes concentrações de manifestantes pró e contra o governo federal nos últimos meses estiveram vazios ontem durante a apreciação do processo de impeachment na Câmara dos Deputados, a exemplo do entorno do prédio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, ambos em São Bernardo, e os arredores do Paço Municipal de Santo André, em frente à subsecção local da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

No início da noite, a equipe do Diário esteve em frente ao apartamento de Lula, localizado na Avenida Prestes Maia, no Centro, e constatou somente a presença de oito seguranças particulares que faziam a proteção do local e de algumas equipes de imprensa que aguardavam o fim do ato em Brasília para registrar qualquer tipo de movimentação na residência do líder petista.

O ex-presidente decidiu retornar à Capital Federal para contribuir nas articulações políticas na tentativa de salvar o mandato da pupila, a presidente Dilma.

Na sede do Sindicato dos Metalúrgicos cerca de dez seguranças também zelavam pela integridade do edifício. Os funcionários desconheciam chance de se promover atividade pró-governo na região, uma vez que o grupo aliado se juntou a movimentos sindicais, militantes e políticos no Vale do Anhangabaú, em São Paulo.

O Paço andreense, reduto de recentes protestos pró-impeachment, também não contabilizou movimentação. Lideranças antiPT prometiam comparecer às atividades da Avenida Paulista, na Capital. 




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