“Ao bradarmos ‘Brasil, pátria educadora’ estamos dizendo que a Educação será a prioridade das prioridades, mas também que devemos buscar, em todas as ações do governo, um sentido formador, uma prática cidadã, um compromisso de ética e sentimento republicano.” Esse é trecho do discurso da presidente Dilma Rousseff (PT) proferido em 1º de janeiro de 2015 por ocasião da cerimônia de posse de seu segundo mandato. Reeleita em campanha das mais sórdidas, em que abusou da mentira como arma de convencimento do eleitor, a petista seguiu adepta da prática do logro ao iniciar a nova etapa de sua administração.

Com o passar dos meses, fica claro que a escolha do slogan de pátria educadora partiu mais dos marqueteiros que lhe edulcoraram o discurso insosso que das convicções pessoais da presidente. Ou ela teria evitado os desastres ocorridos no setor nos últimos tempos. Um deles, tema de ampla reportagem publicada na edição de hoje deste Diário, mostra a incapacidade do governo federal de manter em ascensão, na mesma proporção da demanda, as bolsas de ensino que proporcionam acesso de pessoas carentes à universidade.

Na UFABC (Universidade Federal do ABC), implantada na região na época em que o Brasil era presidido por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), duzentos alunos aguardam na fila para ter direito a programas que garantem desconto nas mensalidades, moradia ou alimentação. A mudança de critérios promovida pelo governo, que restringiu a distribuição dos benefícios a universitários mais pobres, levou alguns estudantes a perderem a ajuda, o que coloca em xeque a continuidade dos estudos.

Que pátria educadora é esta que não garante sequer a manutenção dos programas destinados a tornar a Educação, da creche ao ensino universitário, a principal arma de inclusão social? Dilma Rousseff, envolvida em crises econômica e política, deveria determinar imediatamente que seus auxiliares encontrassem outro slogan para definir sua administração. Como se vê, Educação não é sua prioridade.