Diante da alta da inflação, do desemprego crescente, do endividamento e de outras dificuldades que compõem o cenário econômico, o consumidor está mais resistente aos gastos que terá nesta Páscoa, comemorada domingo. Isso reforça a necessidade de pesquisa e a troca de espécies de peixes para viabilizar o almoço da Sexta-Feira Santa. Conforme levantamento realizado ontem pela equipe do Diário, que percorreu quatro supermercados da região, a diferença de preços entre o tradicional bacalhau (R$ 64,90 o quilo) e alternativa mais barata, como a sardinha (R$ 7,79), pode chegar a 733%.

O quilo do bacalhau do Porto também apresenta intensas variações de valores, podendo custar de R$ 44,90 (encontrado na Chocolândia, em Santo André) até R$ 64,90 (no Carrefour, na mesma cidade ) – diferença de 44,5%. Mas, se a quantia a desembolsar for limitada, o consumidor pode optar pela sardinha, cujo quilo custa R$ 7,79 no Sonda, em São Bernardo.

Para a dona de casa Ludimila Santos Pereira, 67 anos, a tradicional receita de bacalhau com natas que faz para o almoço da família terá que ser adaptada. “Não sei se todo mundo vai gostar, mas desta vez não tenho como pagar pelo bacalhau. Farei com a tilápia e vou contar só depois que o pessoal comer”, revela.

A economia de Ludimila chegará a R$ 57,11, considerando que ela pagou R$ 9,29 pelo quilo do peixe. Para se ter ideia, daria para fazer, com quase o mesmo valor, receita de bacalhau simples, considerando apenas os itens mais baratos pesquisados, só que com a sardinha. O kit sairia por R$ 58,99. A diferença da bacalhoada feita com os produtos mais baratos da pesquisa chega a 162%, já que o conjunto mais em conta com esse peixe sai por R$ 155,01.

Na comparação entre o menor valor do quilo da tilápia, que custa R$ 9,29 o quilo no Carrefour, e o mais caro do bacalhau, no mesmo estabelecimento, a diferença é de 598%. Mas, se a corvina for escolhida como opção, tendo como comparação o quilo mais barato, encontrado no Sonda e Nagumo, em Santo André, por R$ 15,99, a discrepância será de 305%.

O custo elevado do quilo do bacalhau chamou a atenção de Antônio Pires, enfermeiro, 34 anos, que a pedido da mulher grávida foi à procura do peixe, mas desistiu. “Ia ser nossa primeira vez com o prato típico, mas achei melhor não. Está muito caro.”

De fato, em virtude do dólar na casa dos R$ 4, o peixe encareceu bem de um ano para outro. Em 2015, nesse período, a moeda norte-americana era cotada a R$ 3,20, e o bacalhau mais caro saía por R$ 48,90. diferença de R$ 16.

Para os mais tradicionais, que não querem abrir mão do bacalhau, é preciso estar disposto a desembolsar pelo menos R$ 30 no quilo. O mais acessível é o Zarbo, encontrado no Nagumo por R$ 29,98. O tipo Ling está custando R$ 41,89 no Carrefour. Já o do Porto, o mais barato está no Nagumo, vendido a R$ 44,99.