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Sebos da região se adaptam à era digital

Cenário de crise tem feito com que as
pessoas recorram mais a essas livrarias

Joyce Galdino
Especial para o Diário
24/03/2016 | 08:00
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Anderson Silva/DGABC


O cenário de crise que afeta o País tem feito com que o brasileiro procure economizar das mais variadas maneiras. Para os amantes da literatura, a alternativa para manter o hábito e poder comprar livros mais baratos, tem sido os sebos.

Com anos de tradição e um acervo de dar inveja, os sebos caminham a seu passo, de forma lenta e tranquila, como um ponto de paz no meio do caos. Colecionam clientes, livros, histórias e muito mais importante do que isso tudo, colecionam conhecimento.

Margarete Farago e Paulo Rosa tocam o negócio em São Bernardo há 10 anos com uma loja pequena e aconchegante, que encanta pela simplicidade e variedade de títulos. A crise aumentou o movimento nesse ano, mas Margarete lembra bem como foi no início. “Quando começamos foi difícil, por ser loja de bairro ninguém conhecia, por isso tivemos dificuldades, mas nunca pensamos em desistir”, conta.

Com livros a partir de R$ 10, o Sebo Rudge Ramos se promove pelo boca a boca. “Os clientes sempre indicam para amigos e pessoal do bairro”, detalha o comerciante Paulo Rosa, que tem como fregueses mais assíduos alunos e professores da universidade próxima ao estabelecimento.

A gerente da livraria O Leitor, de São Caetano, Maria José Marchi, tem um método diferente para a divulgação e venda do acervo. “Além da nossa loja física, temos também o site da livraria e uma parceria com o site Estante Virtual”, afirma a gerente, que reforça a participação da livraria nas redes sociais.

Inaugurado há seis anos, o estabelecimento começou com apenas uma sala em shopping no centro da cidade, mas atualmente ocupa três espaços, reflexo do aumento da procura e também do acervo disponível. “As promoções são sempre atrativas. A média de preços fica entre R$ 10 e R$ 15 e temos, aproximadamente, entre 100 e 150 livros vendidos diariamente.”, conta.

Maria relata ainda que em dezembro houve uma queda nas vendas, mas o fluxo já está voltando ao normal. “Estamos passando por um período de adaptação com as vendas pelo site e assim que estiver tudo certo, poderemos começar a fazer um balanço das vendas por lá também.”

Pioneira em Diadema, a Livraria e Sebo Fênix ABCD já ganhou tradicionalidade ao longo de 15 anos, desde quando começou como uma banca de jornal. Nelson Palombo afirma que foi o empreendedorismo que o fez apostar nessa ideia. “Eu tinha me aposentado, mas nunca consegui ficar parado. Me interessei pelo ramo, pesquisei e montei o meu negócio”, explica.

Atualmente, a livraria tem acervo com mais de 30 mil livros e já soma três funcionários. “A média de preços está entre R$ 15 e R$ 20, mas há livros raros e coleções que chegam a custar R$ 600”, detalha o empresário que está focando na internet e redes sociais como forma de promoção do negócio.

A Livraria Pacobello, em Santo André, teve sua primeira loja inaugurada em 2004 com um acervo pessoal dos donos de mais ou menos 5 mil livros. Hoje atuam com duas lojas em funcionamento pleno, uma usada como estoque e outra que está fechada para reformas.

De acordo com a proprietária Mirian Pacobello, que toca o negócio com o marido e o filho, a loja dispõe de um acervo com mais de 200 mil títulos, em todas as unidades. “Temos também a loja online e uma parceira com o site Estante Virtual. Nosso foco agora é no mundo digital”, explica a empresária, que faz cerca de 30% de suas vendas por meio online e afirma que mesmo na era digital, muitas pessoas preferem ir até o local para retirar seu livro.

Miriam conta que a organização do espaço é uma tarefa árdua. “Os sebos são bem diferentes das livrarias que vendem títulos novos, temos muitos volumes únicos e isso acaba dificultando um pouco o encontro desses livros.”

Há 18 anos, Luiz Carlos Rossetti fez de um hobby seu negócio. O Sebo de Mauá funciona como um clube do livro, no qual o cliente além de pagar metade do preço de mercado, terá metade do valor pago como crédito, se devolver àquele que comprou. “Não costumo comprar livros, trabalho com trocas como um incentivo à cultura.”.

Rossetti começou com cerca de 50 livros em sua antiga loja de presentes, quando se deu conta, a loja era uma livraria. “Atualmente conto com mais de 100 mil livros no acervo e meu estoque é setorizado para facilitar a organização”, afirma o empresário, que faz um cartão diferente a cada 3 ou 4 meses para se promover na região, mas firma que o boca a boca ainda é sua maior divulgação.

Com livros numa média de R$ 10 a R$ 20, Rossetti é o único do ramo na cidade e não se vê fazendo outra coisa. Ele conta que o que mais traz clientes à livraria são as entrevistas e vestibulares. “As pessoas estão se preparando cada vez mais para as entrevistas e concursos e a maioria dos livros pedidos para esses exames estão nos sebos por serem bem antigos, mas nunca saem de moda. A literatura sempre será atual”, acredita Rossetti, que não pretende estender sua livraria para o meio online, pois acredita que terá de gastar muito mais do que irá receber com isso e prefere o ‘atendimento cara a cara’ com o cliente. “Esse contato é importante e dá credibilidade ao seu trabalho”, conclui.




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