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Eloá é enterrada em Sto.André
Fabiana Piasentin
Do Diário OnLine
21/10/2008 | 08:08
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O corpo da estudante Eloá Cristina Pimentel, 15 anos, foi enterrado por volta das 9h15 desta terça-feira no Cemitério de Santo André, com a presença de milhares de pessoas. Um cordão de isolamento foi montado pela administração do local e pela GCM (Guarda Civil Municipal) para que a família e amigos mais próximos pudessem acompanhar o cortejo do caixão.

Visivelmente abalada e vestindo uma camiseta com a foto da adolescente, a mãe de Eloá, Ana Cristina Pimentel, foi amparada por um dos filhos e seguiu o cortejo acompanhada por uma enfermeira do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). O marido dela, Aldo José da Silva, que sofre de hipertensão, optou por não presenciar o sepultamento da adolescente.

Por volta das 6h, o velório foi fechado para que familiares prestassem as últimas homenagens à jovem. De acordo com a GCM, entre 7 mil e 8 mil pessoas acompanharam o enterro. Em diversas ocasiões, o silêncio foi quebrado por salvas de palmas.

Desde das 17h de ontem, quando o velório foi aberto à população, quase 30 mil pessoas passaram pelo local, entre elas a vice-prefeita de Santo André, Ivete Garcia, e o prefeito do município, João Avamileno. Duzentos homens da GCM (Guarda Civil Municipal), PM (Polícia Militar) e agentes do próprio cemitério garantiram a segurança do velório e do sepultamento.  

Amigos e parentes contaram que a mãe de Eloá pediu a eles que não chorassem e que "permanecessem fortes" durante o sepultamento. Apesar do pedido, ela não se conteve quando os funcionários do cemitério fecharam o túmulo da estudante. Muitos amigos, vestidos com uma camiseta branca com a foto de Eloá, se abraçaram e choraram após o enterro.

O ex-namorado e assassino de Eloá, Lindemberg Fernandes Alves, 22 anos, já recebeu o perdão de Ana Cristina. Porém, para os amigos ainda é difícil aceitar a perda da adolescente. "Eu pensava que a Eloá e a Nayara sairiam vivas. Eu não consigo perdoar, o que ele fez não está certo. A Justiça terá de ser feita", afirma Diego Vinícius, 16 anos, que estuda na mesma escola da jovem.

Vinicius contou, ainda, que Lindemberg era muito possessivo. "Ele sentia muito ciúme, batia nela. Encarava todo mundo que chegava perto dela." Com a morte de Eloá, o sentimento que fica é a saudade e a lembrança de uma boa amiga. "Ela era tranqüila, tinha amizade com todo mundo. Agora vou dar toda a força para a Nayara", relata.

Comoção - A história de Eloá, que morreu após permanecer mais de 100 horas sob a mira do revólver do ex-namorado, causou comoção e atraiu a atenção de pessoas de outras cidades. Esse foi o caso do cobrador de ônibus Rogério Lucena da Silva, 17 anos, que saiu da Zona Sul da Capital para acompanhar o velório da jovem.

"Combinei pelo Orkut com outros caras de Jundiaí. Foi um caso que a gente acompanhou desde o primeiro dia, parece que foi da nossa família", conta. A vontade de estar no enterro era tanta que o jovem, que não tem licença para dirigir, pegou o carro da mãe escondido para vir a Santo André. O automóvel tinha uma mão de pano para fora do porta-malas com o nome de Lindemberg escrito em preto em cima.

Entre os milhares de populares estava o caricaturista Márcio Vital, 34 anos, que carregava uma faixa com o desenho de Eloá e os dizeres "Somos contra a impunidade". De acordo com o artista, que mora na Vila Humaitá, a intenção é pedir às autoridades que "acabem com a impunidade na cidade e no País." "O MSN, Orkut estão estragando a nossa juventude. Ao mesmo tempo em que ajudam levando conhecimento, eles estragam a família", completa.

Assim como muitos presentes no velório, a comerciante Sirley dos Santos, 50 anos, também não conhecia a jovem assassinada. "Vim para prestar solidariedade à família. Já sofri 20 assaltos, eu conheço o pavor de ficar sob a mira de uma arma", relata. A experiência vivida por Eloá já foi discutida na família de Sirley. "Tenho uma neta de 15 anos e disse para ela que, no primeiro sinal de agressividade, ela deve largar o namorado", adverte.




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