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Vendas das indústrias registram
crescimento maior que produção
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
30/09/2011 | 07:30
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O processo de desindustrialização do País continua forte. É o que aponta a nova pesquisa do Indicador do Nível de Atividade, divulgada ontem pela Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo.

Pelo levantamento, enquanto a produção paulista em agosto teve crescimento de 0,8% frente a julho, as vendas das fabricantes ganharam impulso bem maior, com expansão de 2,6% no mês. Os dados mostram que a comercialização no mercado interno se mantém aquecida, mas é impulsionada pela importação, apontam os especialistas.

No acumulado de janeiro a agosto, esse descompasso entre fabricação e venda é ainda maior: a primeira cresceu 2,6% e a segunda teve alta de 14,5%. Para o diretor adjunto do departamento de pesquisas econômicas da Fiesp, Walter Sacca, isso indica que o componente de produtos importados é maior do que havia no passado. "As indústrias estão se transformando em empresas comerciais e não tanto industriais", assinala Júlio Gomes de Almeida, consultor econômico do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial.

SURPREENDENTE - A alta de 0,8% - nesse índice já foram descontados efeitos sazonais - surpreendeu, já que significou melhora em relação ao desempenho de julho, quando houve variação de 0,3%. Apesar disso, a expectativa para o fim de 2011 continua sendo de perda do ritmo da produção.

De janeiro a agosto de 2010 houve crescimento de 11,3% na atividade das fabricantes frente ao mesmo período de 2009 e, para 2011 todo, Almeida considera que haverá expansão de 2,5%. "É um crescimento baixo, já que a economia brasileira vai expandir 3,5%", afirma. Para o consultor, esse baixo índice não motiva as empresas a investirem e a gerarem empregos.

DESACELERAÇÃO - O crescente volume de produtos importados mostra que a medida do governo federal de elevar o Imposto sobre Produtos Industrializados para os carros fabricados no Exterior se justificou, assinala o diretor titular da regional do Ciesp de São Bernardo, Hitoshi Yodo, embora ele avalie ainda que poderia ser adotada a sobretaxação e, ao mesmo tempo, redução de carga para as empresas nacionais.

 

Desvalorização do real terá impacto só no ano que vem

Para os representantes do setor industrial ouvidos pelo Diário, a desvalorização do real e as medidas do governo federal de sobretaxação dos importados podem ajudar a dar mais competitividade às empresas. No entanto, a avaliação é de que o impacto não virá neste ano.

O consultor do Iedi Júlio Gomes de Almeida explica que, para os exportadores, leva um certo tempo para que a taxa de câmbio (a moeda norte-americana agora na faixa de R$ 1,85) gere efeitos. Isso porque, normalmente, os contratos das indústrias para encomendas são firmados com antecedência de alguns meses.

EQUILÍBRIO - O diretor adjunto do departamento de pesquisas e estudos econômicos da Fiesp, Walter Sacca, avalia que o atual nível do câmbio está muito mais próximo do que a indústria considera uma cotação de equilíbrio.




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