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Há seis meses afastado, Fidel continua doente, mas mensagens são positivas
Da AFP
26/01/2007 | 18:11
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Fidel Castro não aparece em público há exatos seis meses e por isso, os comunicados sobre seu estado de saúde têm se multiplicado esta semana. Apesar das mensagens procurarem demonstrar tranqüilidade, os cubanos começam a achar este tempo longo demais e querem vê-lo, pelo menos, em foto ou em vídeo.

As declarações oficiais mais recentes vêm do presidente do Parlamento, Ricardo Alarcon. Ele afirmou, nesta quinta-feira, que o chefe do Estado cubano, de 80 anos de idade, se recupera "muito bem" e denunciou, de passagem, "os mexericos" sobre o estado de saúde do líder.

As novas informações foram dadas à imprensa estrangeira, mas não aos meios de comunicação oficiais da ilha, que respeitam a ordem de "segredo de Estado" imposta por Castro. Os cubanos viram na televisão nacional os informes a este respeito serem dados por Hugo Chávez. Quarta-feira, o presidente venezuelano tinha em mãos uma carta assinada por Castro como prova de que ele ainda estaria vivo.

Transformado nestes últimos meses numa espécie de "porta-voz" da saúde de Fidel, Chavez afirmou que seu aliado, operado dia 27 de julho de uma mal explicada infecção intestinal, não está "mais acamado" e que ele "anda quase no trote" de um vigoroso "cavalo" com seu sobrenome de guerrilheiro. Quinta-feira, Chávez voltou a falar sobre o assunto, qualificando de "lenta, mas notável a recuperação" do companheiro. Fidel Castro não é mais visto em público desde 26 de julho. No dia 31, ele transferiu o poder, "provisoriamente" e pela primeira vez em 48 anos de regime comunista, ao seu irmão mais novo Raul, de 75 anos.

Em seguida, as autoridadas fizeram circular cinco vídeos e uma dezena de mensagens. O único comunicado de caráter médico veio em cinco de setembro e dizia que Fidel havia perdido 18,6 quilos, mas garantia que ele já tinha recuperado a metade.

A última mensagem lida aos cubanos data de 30 de dezembro: indicava com otimisto que sua doeça estava "longe de ser uma batalha perdida". As últimas imagens são do dia 28 de outubro: visivelmente mais magro, Fidel fazia ginástica.

Seguindo orientação médica, o líder cubano não participou da cúpula dos Não-Alinhados em meados de setembro em Havana. Muito menos presenciou as festividades organizadas no dia 2 de dezembro em comemoração aos seus 80 anos e ao qüiqüagésimo aniversário do início da revolução, que eclodiria em 1959 na queda do ditador Batista.

Seu afastamento prolongado do poder suscitou rumores e especulações, alimentadas pela afirmação dos serviços secretos americanos que não lhe deram mais do que "alguns meses, nem um ano de vida".

Em 16 de janeiro, o jornal espanhol El Pais deu mais fôlego às dúvidas, indicando que seu estado seria "muito grave". Esta afirmação foi desmentida por José Luis Garcia Sabrido, chefe do serviço do hospital de onde vêm as informações do El Pais. Sabrido foi chamado no fim de dezembro a Havana para examinar Castro.

"Os que especulam já receberam vários banhos de água fria", disse Alarcon, advertindo que a saúde do cubano "não é caso perdido". Nem o governo nem Fidel Castro, que são "pessoas sérias", não vão "decidir que é necessário fazer ou dizer levando em conta os mexeriqueiros", especificou.

Sobre um eventual retorno de Castro ao poder, ele apontou que isso "vai depender do pós-operatório", mas ressaltou o quanto a situação de Cuba é tranqüila. Segunda-feira, o vice-presidente cubano José Fernandez também afirmou que o país "vem funcionando normalmente" estes últimos seis meses.

Acontece que muitos cubanos têm pressa em rever seu chefe. "Ele faz falta, a gente tinha o hábito de vê-lo todos os dias" na televisão, ressalta José Garcia, 65 anos, que faz serviços de manutenção em Havana Velha. "Nós realmente queríamos que ele aparecesse na televisão. É preciso que ele se recupere e que ele esteja lá, mesmo um pouco afastado" do poder, acrescentou Julia Lopes Pérez, cabelereira, em visita ao bairro.




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