Cultura & Lazer Titulo
Ancelmo Góis na telinha
Gabriela Germano
Da TV Press
23/07/2008 | 07:15
Compartilhar notícia


Com 45 anos de carreira, Ancelmo Góis já construiu uma história no jornalismo impresso. Sergipano de Frei Paulo, começou na Gazeta de Sergipe. Fez uma pausa enquanto estudou na antiga União Soviética, como filiado do PCB, e, desde 1971, atua em importantes jornais e revistas do País. Só agora, resolveu se arriscar no comando de um programa na TV. "Peço que rezem por mim", brinca Ancelmo. Na TV Brasil (Sky/Net/UHF 68), o jornalista apresenta o De Lá pra Cá ao lado de Vera Barroso. A partir de um fato, lugar ou personagem da história do Brasil, Ancelmo conversa com diferentes convidados para relembrar o passado e ver de que maneira ele intefere nos dias de hoje. Mesmo com experiência como comentarista político na TV, o jornalista não esconde a aflição com o novo projeto. Tem de conciliar as gravações com a coluna que assina diariamente no jornal O Globo, mas diz que tudo isso é o que o mantém vivo, já que o segredo da vida é gostar do que se faz. "O friozinho na barriga é fundamental. Quem fica parado é poste e o dia em que eu achar que já sei ou fiz tudo, estarei perdido", resume Ancelmo. O programa vai ao ar às segundas-feiras, às 22h.

Você tem uma carreira de 45 anos no jornalismo impresso. Por que só agora resolveu comandar um programa na televisão?

ANCELMO GÓIS - A primeira reportagem que fiz em minha vida foi em 1963. Sou apaixonado por minha profissão e acho que ela me permite várias coisas, inclusive fazer televisão, que não é a minha praia. Não tenho a pretensão de deixar o jornalismo impresso. Nasci como um profissional do papel e vou morrer assim. Mas achei legal a oportunidade de fazer um programa de história na TV e por isso topei.

A temática do De Lá pra Cá foi preponderante para que você topasse o projeto do programa?
ANCELMO GÓIS - No jornalismo impresso trabalho com o factual, com o jornalismo de hoje. Mas adoro história e acho que se você quiser entender o hoje, é bom ir buscar o que aconteceu ontem. Gostei da idéia porque o programa me dá a possibilidade de ir lá na história do Brasil buscar as raízes dos problemas de hoje, das alegrias e tristezas atuais. Além disso é um programa despojado. Sem gravata ou academicismo. Eu não me considero um estranho nesse ninho.

Em um programa de história há uma infinidade de temas que podem ser discutidos. Você participa de maneira direta na escolha dos assuntos abordados?

ANCELMO GÓIS - No início o programa se chamaria Estação Lapa, porque a minha intenção era fazer todas as entrevistas em um botequim da Lapa, para caracterizar o meu jeito de ser. Isso foi mudado mas de qualquer forma o De Lá pra Cá me dá a chance de entrevistar antropólogos, artistas, gente de um mundo fora da política. Porque o que eu não queria fazer é um programa em que precisasse falar muito com políticos, presidente ou ex-presidentes, gente que vive em Brasília.

Por que, se você já foi filiado ao PCB e vem de uma família de políticos?

ANCELMO GÓIS - Não tenho nada contra a política. Sou partidário dela. Mas já tem muita gente falando do pessoal de Brasília. O homem, por mais inteligente que seja, por mais que já tenha pisado na Lua e inventado a televisão, só conseguiu produzir dois tipos de regime. Um é o do canhão, da força. O outro é o da política. Por isso eu sou partidário da política. Mas hoje não tenho entusiasmo para fazer um programa sobre isso.

Você já disse que escrever sua própria história em uma autobiografia também não o entusiasmava. Continua pensando assim?

ANCELMO GÓIS - Sinceramente não me considero suficientemente importante para achar que mereço uma biografia. Faço uma coluna diária no jornal e todo dia quero contar uma boa história. Comecei no jornalismo na minha terrinha, em Sergipe, e tenho muitas boas lembranças desse início. Mas ainda não me convenci de que a minha história é tão boa. Um dia ainda acho que vou me convencer.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;