Correndo contra o tempo, a Gaviões do Morro, do bairro DER, trabalha dia e noite para levar para a Avenida Aldino Pinotti a história das Sete Maravilhas do Mundo Moderno, escolhidas em concurso informal promovido pela New Open World Foundation. Mais de 100 milhões de pessos de todas as partes do mundo votaram e as novas maravilhas foram anunciadas em julho de 2007.

"Decidimos por esse tema em conversa entre cunhados. De repente, alguém sugeriu essa ideia e topei na hora", revela o presidente da escola, Rodrigo Resende, 32 anos. Na lista dos monumentos estão seis construções de culturas já extintas e uma que representa o cristianismo. São elas: a Muralha da China, a cidade de Petra, Machu Picchu, Chichén Itzá, Taj Mahal, Coliseu e o Cristo Redentor.

O monumento brasileiro, aliás, estará em destaque no carro abre-alas da Gaviões do Morro. A escultura já foi confeccionada, mas ainda falta o acabamento da peça.

SEM DINHEIRO

A finalização da montagem de cada estrutura é um problema grave para os integrantes da Gaviões resolverem. A verba municipal (R$ 45 mil) não consegue cobrir os gastos com material e mão de obra. O resultado é que apenas 30% do trabalho foi feito até o momento. "Vamos dar um jeito, mas está muito difícil. O maior pecado da Prefeitura é atrasar tanto a liberação da subvenção, que é uma merreca", acusa Resende.

Sem dinheiro para aluguel de galpão e guardar as fantasias e alegorias, a solução é perder espaço na própria casa para abrigar as peças. Os carros alegóricos não têm a mesma sorte. Ficam em um terreno sem cobertura, à mercê do tempo. "Quando chove, não há o que fazer. Nosso trabalho fica parado", lamenta o presidente.

A reciclagem é uma das saídas para economizar. Peças de carnavais passados passam por reforma para participar da Folia deste ano. "A sorte é que sobrou muito material de 2011 e conseguimos aproveitar bastante coisa", comemora Resende. Outra maneira de conseguir dinheiro extra é com a promoção de festas com a comunidade.

Em 2012, a Gaviões do Morro virá com 400 componentes, oito alas e três carros alegóricos.

Mestre-sala de 23 anos já é veterano no samba

O samba no pé é herança de família, segundo o vendedor Douglas Pimenta, 23 anos. Há quatro anos o jovem ocupa o cargo de primeiro mestre-sala da Gaviões do Morro, Mas aos 10 já dava os primeiros passos como mestre-sala mirim na escola. A avó foi presidente da agremiação e despertou no menino o gosto pela festa mais popular do Brasil.

"Demorou para que eu conquistasse o posto, mas agora só passo o pavilhão para outra pessoa quando me obrigarem", brinca.

Douglas divide a responsabilidade de levar a bandeira da agremiação com a prima Daiane Pimenta, 20. Mas, segundo ele, a convivência nem sempre é pacífica, apesar do ambiente familiar. "Brigamos o tempo todo, mas na verdade queremos é aprimorar um ao outro", explica.

No ano passado, o casal tirou três notas 10 e um 9,5. O objetivo é corrigir os erros para cravar as notas máximas. Além de ensaiar muito, a rotina de Douglas também inclui ajudar na confecção das fantasias.