O fenômeno "Tropa de Elite 2", estrelado pelo ator Wagner Moura, beirando os 11 milhões de espectadores e tirando, depois de mais de 30 anos, "Dona Flor e seus Dois Maridos" do posto de filme nacional mais assistido da história. As produções com temática espírita "Nosso Lar" e "Chico Xavier" atraindo, respectivamente, 4 milhões e 3,4 milhões de pessoas aos cinemas. E, mais recentemente, a surpresa da comédia jovem "Muita Calma Nessa Hora", que já superou a marca de um milhão de espectadores.

Tudo isso mostra que o público brasileiro está de bem com o cinema nacional, fato que anima produtores e distribuidoras na esperança de que o desempenho da safra brasileira também dê bons resultados nas bilheterias em 2011. "Foi um ano excepcional, com o cinema brasileiro chegando a cerca de 25 milhões de ingressos, o que não acontecia há mais de 25 anos", aponta Carlos Eduardo Rodrigues, diretor executivo da Globo Filmes."É um pouco difícil repetir 2010, mas as surpresas acontecem", avalia o vice-presidente sênior de distribuição para a América Latina e Caribe da Paramount Pictures, Jorge Peregrino, sobre o desempenho dos filmes nacionais mo próximo ano. Segundo ele, em 2010, a participação da cinematografia nacional no mercado cresceu 20% em relação a 2009. "O mercado vai crescer sempre que tiver filme bom e vai diminuir quando não tiver filme de agrado do público", diz Peregrino.

Ainda que nenhum fenômeno ajude a bilheteria a alcançar marcas tão expressivas em 2011, a expectativa é de otimismo no mercado. "Ninguém pode se queixar do cinema brasileiro", comenta Bruno Wainer, diretor da distribuidora Downtown Filmes, para quem a perspectiva para o próximo ano é de "briga" por uma boa fatia de mercado para as nossas produções. "O cinema nacional está se reencontrando com o público devido a um trabalho intensivo de pelo menos dez anos das distribuidoras e produtoras", diz Abrão Scherer, diretor executivo da distribuidora Imagem Filmes. E a lista de filmes confirmados para o ano que logo mais se inicia demonstra que há potencial para que essa comunicação com o público aconteça, já que os principais lançamentos estão nos gêneros de comédia e de ação e trazem nomes conhecidos da televisão em seu elenco.

No dia 31 de dezembro, 2010 se despede com a estreia de "De Pernas pro Ar", comédia de forte apelo comercial, estrelada pelas atrizes Ingrid Guimarães e Maria Paula. Ingrid faz o papel de Alice, uma executiva que só dá atenção ao trabalho e que vê seu mundo desabar quando perde o emprego e o marido (Bruno Garcia). Com a ajuda da vizinha dona de uma sex shop, a personagem dá uma virada na vida. Outra comédia bem cotada, com estreia prevista para abril, é "Cilada,com", com Bruno Mazzeo. Agora em janeiro, outra produção que deve agradar a audiência é "Bruna Surfistinha", cinebiografia da garota de classe média que sai de casa e acaba se envolvendo com a prostituição, estrelada pela atriz Deborah Secco.

Também em janeiro, "Desenrola", da diretora Rosane Svartman, foca o público teen contando as experiências de primeira vez da jovem Priscila (Olívia Torres). Com a vontade de fazer um filme não apenas sobre adolescentes, mas em que eles possam se identificar, durante o processo de realização, Rosane trabalhou o roteiro com alunos de escolas de São Paulo e Rio de Janeiro, além de ter a colaboração do público alvo nas redes sociais ligadas ao longa-metragem e escolher um elenco com a idade dos personagens (na faixa dos 16 anos). "Para a formação de plateia para os nossos filmes, acho importante que crianças e adolescentes vejam filmes que se passam na cultura de seu país", diz ela.

Na linha "filme para a família toda", ainda na época de férias, o destaque fica para "Brasil Animado", que tem como chamariz ser a primeira animação brasileira em 3D. No filme, os personagens Stress e Relax partem para uma viagem pelo Brasil à procura do "Grande Jequitibá Rosa", oportunidade para, segundo diretora Mariana Caltabiano, de fazer "um retrato muito simpático do Brasil e do povo brasileiro". A produção mistura animação com locações e atores reais. Paisagens brasileiras como as Cataratas do Iguaçu são mostradas em terceira dimensão, assim como a participação especial da ginasta Daiane dos Santos fazendo um duplo twist carpado, entre outras imagens que saltam da telona. "Se fosse uma história que não justificasse o 3D, eu não faria só por fazer", afirma a diretora.

É também de autoria de Mariana o documentário "VIPs - Histórias Reais de um Mentiroso", que estreia em fevereiro e é baseado no livro escrito por ela mesma sobre Marcelo Rocha, golpista que se fez passar pelo filho do dono da companhia aérea Gol, entre outras identidades que assumiu. Ali consta a parte verídica da trajetória de Rocha, já que em março o filme "VIPs", de Toniko Melo, traz a versão fictícia do livro de Mariana. "No documentário, você vai perceber que as histórias mais surpreendentes são de verdade", diz ela.

TRUNFO - Com o trunfo de ter como protagonista Wagner Moura, por si só um grande atrativo de público, a versão ficcional - e de ação - da história de Marcelo é outra aposta de garantia de boa bilheteria. "VIPs", inclusive, foi o grande vencedor do Festival do Rio deste ano, levando os prêmios de melhor filme, melhor ator, melhor ator coadjuvante e melhor atriz coadjuvante. Em seu primeiro trabalho na direção de longa-metragem, Melo preferiu fazer uma ficção da história real do golpista - a despeito da pressão contrária a isso dos produtores - para, assim, "mergulhar um pouquinho na alma desse farsante".

A princípio destinado a Selton Mello, de quem o Toniko Melo é admirador, o papel de protagonista acabou ficando com Moura, depois de o diretor ter conhecido o ator em um jantar, que aconteceu logo após o lançamento do primeiro "Tropa de Elite". "A câmera (em "VIPs") está o tempo todo se sujeitando ao olhar do Wagner", elogia Melo.

Atualmente em fase de montagem, "Xingu", de Cao Hamburger, deve entrar em cartaz no segundo semestre, a propósito das comemorações dos 50 anos do Parque Xingu. A produção traz os atores Felipe Camargo, João Miguel e Caio Blat como os irmãos indigenistas Villas-Boas. Para a produtora Andrea Barata Ribeiro, sócia da O2 Filmes, "Xingu" tem todos os elementos para atingir o público, como aventura e a preservação ambiental. "Deu orgulho fazer esse filme. Valeu a pena levá-lo para o coração do Brasil", diz ela. Além do parque indígena, em Mato Grosso, as filmagens também foram realizadas em Tocantins.

PERFIL MÉDIO - Filmes de perfil médio também têm a possibilidade de encontrar o seu público em 2011, na avaliação de Bruno Wainer, da Downtown. Ele destaca, por exemplo, "Corações Sujos", de Vicente Amorim, baseado no livro de Fernando Moraes. "É muito bem realizado e tem grandes chances de fazer uma carreira consistente." "Malu de Bicicleta", que teve como base o livro de Marcelo Rubens Paiva e tem Marcelo Serrado e Fernanda de Freitas no elenco, é outro filme que, na opinião de Wainer, "pode surpreender".

15/12/2010 14:02 - RY/ /PERSPECTIVA 2011/CINEMA

2011: animados, produtores esperam boas bilheterias

Por Igor Giannasi

São Paulo, 15 (AE) - O fenômeno "Tropa de Elite 2", estrelado pelo ator Wagner Moura, beirando os 11 milhões de espectadores e tirando, depois de mais de 30 anos, "Dona Flor e seus Dois Maridos" do posto de filme nacional mais assistido da história. As produções com temática espírita "Nosso Lar" e "Chico Xavier" atraindo, respectivamente, 4 milhões e 3,4 milhões de pessoas aos cinemas. E, mais recentemente, a surpresa da comédia jovem "Muita Calma Nessa Hora", que já superou a marca de um milhão de espectadores.

Tudo isso mostra que o público brasileiro está de bem com o cinema nacional, fato que anima produtores e distribuidoras na esperança de que o desempenho da safra brasileira também dê bons resultados nas bilheterias em 2011. "Foi um ano excepcional, com o cinema brasileiro chegando a cerca de 25 milhões de ingressos, o que não acontecia há mais de 25 anos", aponta Carlos Eduardo Rodrigues, diretor executivo da Globo Filmes."É um pouco difícil repetir 2010, mas as surpresas acontecem", avalia o vice-presidente sênior de distribuição para a América Latina e Caribe da Paramount Pictures, Jorge Peregrino, sobre o desempenho dos filmes nacionais mo próximo ano. Segundo ele, em 2010, a participação da cinematografia nacional no mercado cresceu 20% em relação a 2009. "O mercado vai crescer sempre que tiver filme bom e vai diminuir quando não tiver filme de agrado do público", diz Peregrino.

Ainda que nenhum fenômeno ajude a bilheteria a alcançar marcas tão expressivas em 2011, a expectativa é de otimismo no mercado. "Ninguém pode se queixar do cinema brasileiro", comenta Bruno Wainer, diretor da distribuidora Downtown Filmes, para quem a perspectiva para o próximo ano é de "briga" por uma boa fatia de mercado para as nossas produções. "O cinema nacional está se reencontrando com o público devido a um trabalho intensivo de pelo menos dez anos das distribuidoras e produtoras", diz Abrão Scherer, diretor executivo da distribuidora Imagem Filmes. E a lista de filmes confirmados para o ano que logo mais se inicia demonstra que há potencial para que essa comunicação com o público aconteça, já que os principais lançamentos estão nos gêneros de comédia e de ação e trazem nomes conhecidos da televisão em seu elenco.

No dia 31 de dezembro, 2010 se despede com a estreia de "De Pernas pro Ar", comédia de forte apelo comercial, estrelada pelas atrizes Ingrid Guimarães e Maria Paula. Ingrid faz o papel de Alice, uma executiva que só dá atenção ao trabalho e que vê seu mundo desabar quando perde o emprego e o marido (Bruno Garcia). Com a ajuda da vizinha dona de uma sex shop, a personagem dá uma virada na vida. Outra comédia bem cotada, com estreia prevista para abril, é "Cilada,com", com Bruno Mazzeo. Agora em janeiro, outra produção que deve agradar a audiência é "Bruna Surfistinha", cinebiografia da garota de classe média que sai de casa e acaba se envolvendo com a prostituição, estrelada pela atriz Deborah Secco.

Também em janeiro, "Desenrola", da diretora Rosane Svartman, foca o público teen contando as experiências de primeira vez da jovem Priscila (Olívia Torres). Com a vontade de fazer um filme não apenas sobre adolescentes, mas em que eles possam se identificar, durante o processo de realização, Rosane trabalhou o roteiro com alunos de escolas de São Paulo e Rio de Janeiro, além de ter a colaboração do público alvo nas redes sociais ligadas ao longa-metragem e escolher um elenco com a idade dos personagens (na faixa dos 16 anos). "Para a formação de plateia para os nossos filmes, acho importante que crianças e adolescentes vejam filmes que se passam na cultura de seu país", diz ela.

Na linha "filme para a família toda", ainda na época de férias, o destaque fica para "Brasil Animado", que tem como chamariz ser a primeira animação brasileira em 3D. No filme, os personagens Stress e Relax partem para uma viagem pelo Brasil à procura do "Grande Jequitibá Rosa", oportunidade para, segundo diretora Mariana Caltabiano, de fazer "um retrato muito simpático do Brasil e do povo brasileiro". A produção mistura animação com locações e atores reais. Paisagens brasileiras como as Cataratas do Iguaçu são mostradas em terceira dimensão, assim como a participação especial da ginasta Daiane dos Santos fazendo um duplo twist carpado, entre outras imagens que saltam da telona. "Se fosse uma história que não justificasse o 3D, eu não faria só por fazer", afirma a diretora.

É também de autoria de Mariana o documentário "VIPs - Histórias Reais de um Mentiroso", que estreia em fevereiro e é baseado no livro escrito por ela mesma sobre Marcelo Rocha, golpista que se fez passar pelo filho do dono da companhia aérea Gol, entre outras identidades que assumiu. Ali consta a parte verídica da trajetória de Rocha, já que em março o filme "VIPs", de Toniko Melo, traz a versão fictícia do livro de Mariana. "No documentário, você vai perceber que as histórias mais surpreendentes são de verdade", diz ela.

TRUNFO - Com o trunfo de ter como protagonista Wagner Moura, por si só um grande atrativo de público, a versão ficcional - e de ação - da história de Marcelo é outra aposta de garantia de boa bilheteria. "VIPs", inclusive, foi o grande vencedor do Festival do Rio deste ano, levando os prêmios de melhor filme, melhor ator, melhor ator coadjuvante e melhor atriz coadjuvante. Em seu primeiro trabalho na direção de longa-metragem, Melo preferiu fazer uma ficção da história real do golpista - a despeito da pressão contrária a isso dos produtores - para, assim, "mergulhar um pouquinho na alma desse farsante".

A princípio destinado a Selton Mello, de quem o Toniko Melo é admirador, o papel de protagonista acabou ficando com Moura, depois de o diretor ter conhecido o ator em um jantar, que aconteceu logo após o lançamento do primeiro "Tropa de Elite". "A câmera (em "VIPs") está o tempo todo se sujeitando ao olhar do Wagner", elogia Melo.

Atualmente em fase de montagem, "Xingu", de Cao Hamburger, deve entrar em cartaz no segundo semestre, a propósito das comemorações dos 50 anos do Parque Xingu. A produção traz os atores Felipe Camargo, João Miguel e Caio Blat como os irmãos indigenistas Villas-Boas. Para a produtora Andrea Barata Ribeiro, sócia da O2 Filmes, "Xingu" tem todos os elementos para atingir o público, como aventura e a preservação ambiental. "Deu orgulho fazer esse filme. Valeu a pena levá-lo para o coração do Brasil", diz ela. Além do parque indígena, em Mato Grosso, as filmagens também foram realizadas em Tocantins.

PERFIL MÉDIO - Filmes de perfil médio também têm a possibilidade de encontrar o seu público em 2011, na avaliação de Bruno Wainer, da Downtown. Ele destaca, por exemplo, "Corações Sujos", de Vicente Amorim, baseado no livro de Fernando Moraes. "É muito bem realizado e tem grandes chances de fazer uma carreira consistente." "Malu de Bicicleta", que teve como base o livro de Marcelo Rubens Paiva e tem Marcelo Serrado e Fernanda de Freitas no elenco, é outro filme que, na opinião de Wainer, "pode surpreender".