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USP estuda fórmulas contra intoxicaçao por selênio
Do Diário do Grande ABC
05/04/2000 | 16:04
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Extensas regioes terrestres sofrem com a falta de selênio, um dos micronutrientes essenciais à vida quando consumido em pequenas doses. Algumas poucas regioes do mundo, entretanto, sofrem do mal oposto: excesso de selênio no solo, capaz de intoxicar os animais de forma crônica. O selênio pode ser consumido na forma mineral ou, mais freqüentemente, absorvido do solo pelas plantas, que alimentam homens e animais. É benéfico quando chega até 0,2mg por quilo de alimento consumido. A partir de 3 a 5 mg/kg passa a ser tóxico. E os sintomas mais evidentes da intoxicaçao crônica, em criaçoes de bovinos ou ovinos, sao o crescimento excessivo de cascos e queda de pêlos.

Estes sintomas foram identificados em bovinos no oeste do Acre e desde 1997 mobilizam a atençao de Marcus Antônio Zanetti, diretor da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de Sao Paulo, FZEA-USP, que trabalha há 20 anos com intoxicaçao por selênio. A primeira providência foi buscar substâncias antagônicas ao micronutriente, objeto da tese de doutorado de Marcelo Landim Brisola, orientada por Zanetti e defendida em fevereiro passado.

Segundo Brisola, a adiçao de flor de enxofre à raçao dos animais pode reduzir os níveis de selênio, sobretudo na carne, embora permaneçam altos no fígado. "Estávamos preocupados em recomendar a adiçao de teores altos de enxofre ao sal, porque o enxofre também é antagônico ao cobre, ou seja, resolveríamos o problema de excesso de selênio, mas criaríamos outro problema, de falta de cobre na dieta", explica Zanetti. "Mas descobrimos que o nível alto de selênio bloqueia a interaçao negativa entre o enxofre e o cobre". Em outras palavras, uma das soluçoes para os criadores de gado do Acre é ministrar mais enxofre aos animais.

A interaçao entre os três minerais e a dose exata de enxofre ainda serao mais bem estudadas por outros alunos de Zanetti, que também está investigando quais as plantas das pastagens do Acre capazes de acumular selênio mais facilmente. Como há uma sazonalidade na intoxicaçao, mais evidente nos primeiros meses do ano, deve haver alguma espécie mais consumida nesta época. "Se identificarmos esta ou estas plantas, os fazendeiros poderiam cortá-las ou evitar o contato do gado", diz o pesquisador, que já encontrou referência a uma leguminosa nativa de Rondônia, com a propriedade de acumular selênio. A mesma espécie ou família pode ocorrer também no Acre.




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