O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem que a tendência dos juros reais nos próximos anos é de queda. Segundo ele, isso já vem se verificado nos últimos anos com impacto favorável na conta de juros do setor público. A afirmação foi feita na apresentação sobre o boletim Economia Brasileira em Perspectiva, que prevê para 2010 gasto com juros do setor público de 5,2% do PIB. Em 2009, essa conta ficou em 5,4% do PIB.

Mantega salientou que essa menor despesa com juros prevista para este ano ocorrerá mesmo com o custo do empréstimo para o BNDES e também com o decorrente da política de acumulação das reservas internacionais, cujos valores não foram informados pelo ministro. Mas no início da tarde, o Banco Central informou que as reservas internacionais subiram mais uma vez e superaram a casa dos US$ 260 bilhões. Só anteontem, cresceu US$ 276 milhões, passando de US$ 259,729 bilhões para US$ 260,005 bilhões no conceito de liquidez internacional. A elevação reflete, entre outros aspectos, a oscilação do valor de mercado dos ativos que compõem as reservas, como os títulos da dívida norte-americana, e a compra de dólares feita pelo BC no dia 5.

INFLAÇÃO
Mantega afirmou que o recuo da inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) no segundo trimestre foi causado pela queda nos preços dos produtos agrícolas, que sofreram forte elevação nos primeiros meses. "A inflação está abaixo das expectativas de mercado. O IPCA acelerou no começo do ano, mas já está menor do que nos anos anteriores", disse. "Isso prova que de fato não havia inflação de demanda, mas um choque de oferta. Os preços agrícolas em um determinado momento elevaram os preços da economia e agora caíram."

A sétima edição do documento revisou para 5,2% a estimativa para a inflação em 2010. Na edição anterior, a previsão era de valor próximo a 5%. "Trabalhamos com a projeção de 5,2% para o IPCA este ano", disse Mantega.