Política Titulo Confusão
Grupos anti e pró-Lula promovem protesto em frente à casa de petista

Manifestantes travaram diversos conflitos na Avenida Francisco Prestes Maia, em São Bernardo; três pessoas foram encaminhadas à delegacia pela PM

Daniel Macário
Leandro Baldini
Do Diário do Grande ABC
05/03/2016 | 07:00
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Menos de uma hora após o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ser conduzido coercitivamente por agentes da Polícia Federal para prestar depoimento no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, manifestantes anti e pró Lula se reuniam em frente à casa do petista, na Avenida Francisco Prestes Maia, no Centro de São Bernardo, para protestar contra ou apoiar a 24ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Aletheia. A ação dos grupos foi marcada por conflito entre militantes do PT e PSDB. De acordo com a Polícia Militar, aproximadamente 800 pessoas passaram pelo local.

A confusão começou ainda pela manhã, por volta das 7h30, quando sindicalistas em favor ao ex-presidente se irritaram com comentários de motoristas que passavam pela via e parabenizavam a ação da Polícia Federal. Às 9h, a PM precisou intervir e separar os dois grupos presentes para evitar confusão. Entretanto, antes da ação, militantes iniciaram pequeno tumulto. Três pessoas foram detidas e encaminhadas para o 1º DP (Centro) da cidade. Duas por agressão e uma por racismo. Um militante tucano chegou a ser encaminhado para o PS Central de São Bernardo com ferimentos leves.

Durante a presença de agentes da PF no apartamento de Lula, militantes à favor da Operação Lava Jato aplaudiam a realização das atividades. “Estou muito orgulhosa do Brasil nesse momento. Acho que temos acompanhado dia a dia toda a evolução que a gente está tendo com as diferentes operações que se iniciaram lá com o Mensalão. Agora é um momento crucial que vemos todos esses processos se fechando”, relatou a educadora aposentada Katia Diniz, 55 anos.

Maioria no local, manifestantes petistas entoavam gritos contra a impressa e militantes tucanos. O grupo formado por sindicalistas e metalúrgicos em diversos momentos precisou ser contido pela PM. “Isso é um golpe. Viemos aqui demonstrar apoio ao Lula, homem esse que veio de chão de fábrica igual a nós”, comparou o metalúrgico Francisco dos Santos, 47.

Somente às 11h40, as quatros viaturas da Polícia Federal e uma da Receita Federal deixaram o apartamento do ex-presidente. Mesmo assim, cerca de 400 militantes petistas permaneceram no local aguardando a chegada de Lula. O grupo foi acompanhado de perto por figuras políticas do Grande ABC, entre eles os vereadores petistas José Luís Ferrarezi, Tião Mateus, Matias Fiuza, Zé Ferreira, Luizinho, José Cloves da Silva, além da presidente estadual do PT, Roseane Sena, a Zaninha, e os deputados estaduais Ana do Carmo, Luiz Fernando Teixeira e Teonílio Barba. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, também esteve no local.

O ex-presidente chegou em sua residência às 16h50. Cercado por seguranças, Lula desceu do carro a 200 metros de seu prédio e seguiu a pé aplaudido por militantes petistas.

Após acenar do saguão do prédio, Lula entrou na residência acompanhado de políticos e familiares

Por volta das 18h, militantes do PT iniciaram a dispersão do local, mas antes, a pedido de Lula, agendaram para hoje às 9h nova concentração em frente à casa do ex-presidente.

 

Comissionados de Marinho abandonam expediente e vão dar apoio a ex-presidente

 

Servidores comissionados do governo do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), abandonaram ontem seus postos de trabalho durante o expediente para se juntar a militantes petistas nas manifestações de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em frente a sua residência, no Centro da cidade. Lula depôs à Polícia Federal na execução da 24ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Aletheia.

Vários funcionários, de diferentes setores, aos poucos, chegaram logo pelo período da manhã ao local e permaneceram até o fim do ato. A maior concentração ocorreu por volta das 13h, principalmente por integrantes das Pastas de Comunicação e de Governo. Os secretários compareceram somente após às 17h. Foi visto o titular da Educação, Paulo Dias (PT), o de Governo, José Albino (PT) e o de Cultura, Osvaldo de Oliveira Neto (PT).

Entre os comissionados, que abandonaram o expediente no Paço, estava a diretora de Comunicação, Denise Gorczeski, que permaneceu algumas horas nos arredores do residencial em que vive o ex-presidente, localizado na Avenida Francisco Prestes Maia.

Denise é ex-mulher do jornalista Julio de Grammont, ex-assessor de imprensa do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC quando a entidade era dirigida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nos tempos de militância, ela se tornou amiga da ex-primeira-dama Marisa Letícia. Entre 2009 e 2012, foi titular de Comunicação do governo Mário Reali (PT), em Diadema.

Além de comissionados de Marinho, estavam ao lado do ex-presidente diversos integrantes da direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, do Sindserv (Sindicato dos Servidores Públicos), incluindo o presidente Giovani Chagas. Também estiveram vereadores de Santo André, São Bernardo, Diadema e Ribeirão Pires.

 

Comerciantes relatam prejuízo com tumulto

 

Proprietários de comércios vizinhos ao condomínio onde reside o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva calcularam ontem durante todo o dia os prejuízos sofridos em decorrência dos protestos que interditaram trecho da Avenida Francisco Prestes Maia, no Centro de São Bernardo, até o início da noite.

Manobrista de estacionamento localizado ao lado do condomínio, Jair Santana, 55, afirmou não ter tido nenhum cliente durante todo o dia. “Quando abri já tinham fechado a rua. Todos os pacientes do hospital estão tendo que estacionar longe daqui. Ninguém consegue acessar o valet”, relatou. O funcionário ainda falou sobre o temor de pacientes de hospital localizado ao lado da residência de Lula. “Eles estão com medo da agressividade dos manifestantes”, pontuou.

Vizinho da residência de Lula, tradicional clube de lazer do bairro precisou fechar suas portas por motivo de segurança. “Abrimos às 7h30, mas como nossa entrada fica na frente de onde ocorreu a manifestação precisamos fechar para não termos problemas”, relatou segurança do local, que preferiu não se identificar.

Outro estabelecimento que precisou fechar suas portas por causa do tumulto foi bufê infantil localizado a 200 metros do condomínio do ex-presidente. O local que geralmente recebe clientes para realização de cotações ao longo do dia permaneceu fechado até a dispersão de militantes que protestavam na via no início da noite.

A dentista Cynthia Buarque, 47, precisou reagendar todos os seus pacientes que tinham consulta ontem. “Decidi cancelar por segurança deles mesmo. Não sei se esse ato vai ser violento igual aos que aconteceram na Avenida Paulista, em São Paulo. Os militantes do PT estão muito agitados. É preciso nessa hora ter calma”, disse.




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