Turismo Titulo Portugal 2
Original de Belém

Bairro situado na entrada de Lisboa reúne Mosteiro dos Jerónimos e Museu Nacional dos Coches

Soraia Abreu Pedrozo
03/03/2016 | 07:01
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Ari Paleta/DGABC


 Indubitavelmente, uma das coisas que mais ouvimos falar sobre Portugal durante toda a nossa vida é o pastel de Belém. E, erroneamente, achamos que qualquer pastel de nata – o que também não compreendemos porque se chama pastel, sendo que se trata de algo doce e fisicamente parecido com um quindim – é o de Belém. Ora pois, gajos e raparigas, o original é feito apenas em um lugar: no bairro de Belém, em Lisboa.

Isso porque a receita do quitute nasceu lá, no século 19, no Mosteiro dos Jerónimos – a receita se originou do fato de os monges aproveitarem as gemas que sobravam das produções de hóstias, feitas com clara de ovo e farinha de trigo. E só por ali é que a técnica seria dominada. É o que dizem convictamente nossos ‘parentes’ lusitanos. Não à toa, o mais famoso dos doces portugueses tem o seu hall da fama num lugar chamado Pastéis de Belém, no bairro lisboeta. Na prática, ao menos para o paladar brasileiro, porém, todos os pastéis são muito parecidos, mas vale a pena provar a iguaria no berço de sua tradição.

Uma vez em Belém, facilmente acessado de trem, é hora de visitar o Mosteiro dos Jerónimos, local datado do século 16, composto pela Igreja Santa Maria Belém e por um claustro – arquitetura tipicamente religiosa em que há quatro corredores com arcos e um jardim no meio. O idealizador do lugar, o rei Dom Manuel I, queria construir o mosteiro na entrada da cidade, às margens do Rio Tejo, e assim o fez, com muitos traços do seu peculiar estilo manuelino, composto por itens como a cruz da Ordem de Cristo (aquela das caravelas portuguesas), alcachofras, algas, conchas, gárgulas e sereias. Além da paz que transmite o ambiente e de sua beleza singular, lá residem personalidades portuguesas em seus túmulos, como os poetas Luís de Camões e Fernando Pessoa, o escritor Almeida Garrett e o navegador Vasco da Gama, que desbravou a Índia em busca de especiarias. A entrada custa dez euros.

Ainda no bairro, é interessante conhecer também o Museu Nacional dos Coches, a poucos passos dali, e o Picadeiro Real, em ambos os locais encontram-se expostas as dezenas de carruagens reais, e a evolução do veículo ao longo dos séculos até chegar ao primeiro táxi de Lisboa. Imperdível. O ingresso para os dois custa oito euros. A Torre de Belém, cartão-postal, já vale a visita por fora. Se quiser conhecer internamente, o bilhete custa seis euros (combinado com o mosteiro sai mais barato).

TUDO VALE A PENA
Ícone lusitano, o poeta Fernando Pessoa, expoente do século 20 e conhecido por seus heterônimos Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos e por sua célebre frase “Tudo vale a pena. Se a alma não é pequena”, tem cantinho mais que especial aberto ao público por três euros no bairro Campo de Ourique, acessível a poucos minutos a pé da estação de Metrô Rato. Um pouco fora do circuito turístico, mas fácil de chegar. O local foi onde Pessoa viveu durante seus últimos 15 anos e muita coisa está intacta, como seu quarto, e objetos usados por ele, a exemplo de sua inseparável máquina de escrever e seus típicos óculos ovais. É grande oportunidade de conhecer mais sobre sua vida e obra, e, inclusive, adquirir exemplares raros e edições especiais que não temos aqui no Brasil. Ao sair dali, a algumas quadras, aproveite para conhecer a Basílica da Estrela e o Jardim da Estrela, parque com inspiração inglesa em que é possível observar melhor os hábitos alfacinhas e relaxar.

<EM><CW-26>Ainda um pouco fora do padrão dos pontos turísticos, o impressionante Aqueduto das Águas Livres, responsável por captar e distribuir água por toda Lisboa, é um gigante monumento que se estende por 941 metros e é composto por 35 arcos, cada um com 65 metros de altura e 28 metros de largura – são os maiores em pedra no mundo –, construído no século 18 e que resistiu ao terremoto de 1755. É possível visitá-lo por três euros e de seu alto tem-se duas diferentes vistas panorâmicas de Lisboa. Fica no bairro Amoreiras, onde é possível chegar de autocarro (ônibus) 2,12,13 e 18, por exemplo, ou pela estação de Metrô Campolide, em que é preciso encarar subida, mas o caminho é interessante para observar a vida portuguesa.

FADO VADIO
Embora as andanças deixem qualquer turista querendo, ao fim do dia, ficar de pernas para o ar no conforto do hotel, a noite de Lisboa é muito animada e vale pelo menos uma visita noturna ao bairro Alto, ao qual se chega tranquilamente pelo Metrô Baixa-Chiado ou pelo eléctrico (bondinho) 28. Lá é um dos lugares que se tem a chance de apreciar o fado, estilo musical típico de Portugal, em que o canto é um pouco lírico e devagar, meio declamado, e expressa emoções, muitas vezes tristes. Há casas em que se paga e se pode jantar enquanto assiste a uma apresentação feita por profissionais. Ou, para quem está com pouco dinheiro e quer conhecer algo mais informal, pode contemplar o fado vadio, em algumas ocasiões apresentado por amadores (mas que, francamente, parecem profissionais) que em muitos lugares não é cobrado, caso da Tasca do Chico, que fica absolutamente cheio nas noites de segunda e quarta, por isso, para garantir lugar, é bom chegar cedo.

Uma curiosidade é que, mesmo se tratando de um boteco, quando os fadistas começam a cantar ninguém pode falar, senão é convidado a sair do local. Na noite em que estive lá, Liliana Monteiro emocionou. Inesquecível.

Do lado de lá tem o Parque das Nações
Lisboa possui um lado que não é muito explorado pelo turismo, devido ao fato de os viajantes permanecerem pouco tempo na cidade. Para quem quer desbravá-la, de cinco a sete dias é tempo ideal. Se bem que, hospedar-se na encantadora capital nunca é tempo demais. O Parque das Nações, lado mais moderno lisboeta, também fica às margens do Rio Tejo. O local, que até meados dos anos era abandonado, foi revitalizado para receber a Expo 1998, exposição mundial que atraiu 11 milhões de visitantes sobre o tema dos 500 anos dos descobrimentos portugueses.

O acesso é extremamente fácil pela Estação Oriente, de onde partem ônibus e Metrô para todos os bairros e muitas cidades. A vedete do local é o Oceanário, um dos maiores aquários do mundo, no qual seu tanque central possui sete metros de profundidade. Tem-se a impressão de estar no fundo do mar. É ótima opção de programa família e também para os dias chuvosos. A entrada custa 15,30 euros. Saindo dali, vale tomar o bondinho, chamado de telecabine, que leva ao outro extremo do bairro, onde é possível esticar o passeio até o Shopping Vasco da Gama. O bilhete de ida sai por 3,95 euros e, o de ida e volta, 5,90 euros




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