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Rachas: de volta à av.dos Estados
Kléber Werneck
e Samir Siviero
Do Diário do Grande ABC
28/07/2002 | 19:05
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Os rachas de carro voltaram à moda no Grande ABC. Depois de um período mais ou menos em baixa, nos últimos meses as corridas de carros estão novamente sendo praticadas com força total na avenida dos Estados, em Santo André, agora adaptadas à era do radar, mas mantendo suas características clássicas: atrair muitos jovens e colocar vidas em risco. Todas as sextas-feiras, o racha começa por volta das 22h e vai até as 4h de sábado. É a moda do ano.

Nos dois sentidos da avenida dos Estados, um desfile de carros rebaixados, com vidros escurecidos, rodas esportivas, e, principalmente, motores envenenados toma conta do local. Os modelos variam de relíquias como Fuscas, Opalas e Passats a modernos Golfs, Santanas e Mareas.

A concentração acontece nos postos de gasolina Cabeça Branca (no sentido Santo André-Mauá) e Motormaq (Mauá-Santo André), onde há o consumo de bebidas alcoólicas – o terceiro ingrediente da perigosa mistura. Os postos funcionam como uma espécie de box, onde os pilotos fazem um pit stop antes de ir para pista.

As corridas acontecem em meio aos carros que usam a avenida e ficam expostos ao perigo. Por causa de um radar a 300 metros do posto, a disputa é apenas de arrancada. “Isso é um esporte. Temos carência de uma pista no Grande ABC porque Interlagos é muito longe e caro, então todo mundo vem para cá”, disse o mecânico Márcio Gomes, 26 anos.

Alguns motoristas, porém, são mais ousados e cobrem as placas com fitas ou até mesmo as retiram para evitar multas. Um suposto esquema via rádio avisa quando os policiais estão próximos.

Durante o período em que a reportagem do Diário esteve no local, na sexta-feira passada, duas viaturas de polícia passaram pela avenida, uma civil e outra militar. Os policiais reconheceram o perigo dos rachas, mas disseram não conseguir coibi-los. “Apreendemos uma média de 20 carros por fim de semana, mas parece que eles procriam e voltam no fim de semana seguinte”, disse o soldado Eduardo Albino.

As corridas atraem uma jovem platéia aos postos, que toma a avenida. Nas calçadas correm risco de atropelamento, mas o que importa é freqüentar o lugar da moda. A vendedora S.P., 16 anos, por exemplo, esteve sexta-feira no local. “É muito legal aqui, tá todo mundo vindo nos fins de semana. Ficamos assistindo as corridas e conversando com os amigos”, disse.

S. estava acompanhada da amiga Cristina da Silva, 30 anos, que disse estar no local pela primeira vez. “Só vim dar uma olhada, todo mundo tá falando daqui, é o lugar da moda”, afirmou.

De acordo com o gerente da Chaplin Choperia, Antonio Elias de Queiroz, os rachas ameaçam os clientes tradicionais. “Temos estacionamento, mas muita gente deixa de vir porque tem medo de acidente. Sei que a lei não permite, mas a única coisa que resolveria seriam lombadas – porque nós chamamos a polícia mas, quando eles vão embora, os rachadores voltam.”

O gerente do posto Cabeça Branca, Luiz Moniz de Andrade, disse que se engana quem acha que o posto é beneficiado. “O pessoal fecha a entrada e os clientes já disseram que não vêm na sexta-feira à noite por causa dos rachas. Já vi vários acidentes.” O dono do posto Motormaq não foi encontrado pelo Diário.

Na Prefeitura de Santo André, o agente de plantão no DTC (Departamento de Trânsito e Circulação) disse apenas que ontem (domingo) não seria o “dia propício para obter informações sobre os rachas na avenida dos Estados”. E não deu nenhuma informação sobre as ações do departamento para coibir a prática.

No 10º BPM (Batalhão da Polícia Militar), responsável pela área, a informação foi também que melhor seria esperar uma explicação nesta segunda.




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