Desde pequeno, Ivanildo Martins, 31 anos, sabia que seria músico. Aos 11 anos já era baterista. Nascido em São Bernardo e morador do Jardim Estela, em Santo André, a única coisa que Ivanildo não imaginava é que exerceria sua profissão em um navio. “As coisas aconteceram de repente”, conta.  

Mais conhecido como Ski Martins – o apelido, segundo ele, é uma abreviação de esquisito –, o baterista está no Pacific desde novembro de 2004. No entanto, a primeira experiência do músico no mar começou três meses antes, no navio Funchal. “Surgiu a chance e a empresa que cuida da parte artística das embarcações me chamou. Aceitei na hora.” Depois, Ski conta que aconteceu o convite definitivo. “Criou-se a Cia Sobre as Ondas, responsável pela parte musical da embarcação”, relembra.

Hoje, após dois anos, o baterista foi promovido a coordenador musical do Pacific. Motivo: com a vinda de mais navios ao Brasil, a empresa terá de se desdobrar para atender a todos.

Dentre as vantagens de trabalhar em um navio está o fato de receber em dólar. Os salários são bem superiores aos pagos em terra firme. Um garçom chega a ter rendimento de US$ 2,5 mil.  Para Ski, há outros fatores positivos. “Não tem de se deslocar, pegar trânsito, enfrentar violência. Tudo está certo.” Mas não deixa de destacar a pior faceta: “Morar no trabalho não é bom”.

Como não há muito tempo para gastar dinheiro – e muito menos para sair do navio, onde, em média, trabalha-se 12 horas por dia – ser funcionário de uma embarcação é sinônimo de fazer poupança. “Estou investindo na minha carreira. Quero ficar mais dois anos e partir para a Europa, onde pretendo fazer cursos”, revela o músico.