A manchete da edição de hoje deste Diário utiliza-se de licença poética e recorre às frases consagradas por Carlos Drummond de Andrade, no poema No Meio do Caminho. A diferença é que a ‘pedra’, decantada na obra, foi substituída por ‘buraco’, ocorrência comum a todas as sete cidades que compõem a nossa região.

Crateras, depressões, cavidades, rupturas... São tantas as variedades de buracos em ruas e avenidas que o leitor pode escolher a denominação que quiser para referir-se àquele que lhe incomoda e proporciona transtornos. O fato é que transitar pelo Grande ABC pode ser perigoso e até dispendioso para motoristas e também pedestres. 

Na página dedicada ao assunto há inúmeros relatos de pessoas que tornaram-se vítimas das trincheiras espalhadas pelo sistema viário local e de especialistas que ensinam a elas como buscar seus direitos junto ao poder público em caso de prejuízos. Além do alerta de engenheiro sobre os erros cometidos por quem deveria cuidar para a extinção destas verdadeiras armadilhas.

Há também a contabilidade de três das prefeituras locais que, diariamente, eliminam 260 deles. Trabalho que assemelha-se a enxugar gelo, visto a precária situação das vias e o surgimento cotidiano de pontos que parecem colocar o cidadão à prova em todos os momentos. Algo do tipo: se distraiu, caiu.

A reportagem mostra ainda que os famigerados buracos não respeitam posicionamento geográfico, condição social ou financeira dos municípios. Marcam presença em todos, do mais abastado ao que menos fatura, sem distinção alguma. Revela ainda a infinidade de justificativas dadas pelas prefeituras para os casos flagrados e a elas apresentados. 

A intenção deste trabalho não é ficar apenas no mero relato. Os moradores sabem onde estão os problemas, a questão é buscar solução. A infestação é regional e deve ser encarada desta forma. Hoje, no meio de todos os caminhos há (pelo menos) um buraco.