Economia Titulo Por tempo indeterminado
Trabalhadores param por tempo indeterminado na fábrica da Karmann Ghia

Autopeça deve aos 330 funcionários parte do salário de dezembro, o de janeiro e o 13º

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
12/02/2016 | 07:18
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Celso Luiz/DGABC


Os 330 trabalhadores da Karmann Ghia, autopeça de São Bernardo que atua com estamparia e ferramentaria para montadoras e sistemistas – que montam sistemas para as fabricantes –, estão em greve por tempo indeterminado.

Os empregados cruzaram os braços porque estão sem receber 65% do vencimento de dezembro, o valor total de janeiro, o 13º salário e o dissídio referente a 2015. Ontem houve reunião entre o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e os funcionários, e a orientação foi que eles voltassem para casa – na sexta-feira, dia 5, já não houve expediente justamente pela ausência dos depósitos. Na segunda, 15, haverá nova conversa e, se for constatado pagamento eles retornam ao trabalho, senão, permanecem paralisados.

“O objetivo é voltar apenas quando tivermos algo concreto, ou seja, quando os salários atrasados forem depositados. E, na segunda, já vence mais um pagamento, o vale de fevereiro. Mas, por enquanto, a empresa ainda não nos procurou. Assim que achar solução estamos dispostos a conversar e, então, retomar a produção”, afirma o diretor do sindicato Nelsi Rodrigues, o Morcegão.

O sindicalista destaca que, durante todo o ano passado, a autopeça atrasava durante dois ou três dias, no máximo, o que de dezembro para cá se aprofundou. “Não foi pago o 13º salário e, o vale de dezembro, foi depositado só em janeiro”, diz. “O problema é a falta de pedidos devido à paralisação na produção de fabricantes para as quais a Karmann Ghia fornece. Mas os trabalhadores não podem ficar sem receber. Já são quase dois salários em haver, além da gratificação natalina. Queremos acreditar que a situação vai ser revertida, mas chegamos em um limite em que ninguém mais acredita que é possível. Por isso o encaminhamento é que todos fiquem em casa.”

Procurada, a diretora da Karmann Ghia, Mônica Marani, explica que o problema é que o mercado não reage. “Já tínhamos situação de delicadeza de caixa. Com as paradas de fim de ano no setor automotivo, meu maior cliente colocou o pé no freio das encomendas”, justifica. O carro-chefe da autopeça é a estamparia para portas de carros. E quase 70% do faturamento provém das vendas para uma montadora. De acordo com dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), em janeiro a comercialização de automóveis e comerciais leves novos caiu 38,62% ante o mesmo mês em 2015.

Segundo Mônica, também estão pendentes alguns pagamentos de sistemistas para os quais são produzidas ferramentas. “Tenho recebíveis semanais. Não entrou nada nesta semana devido ao Carnaval, mas espero na segunda ter o dinheiro para quitar os atrasados. Até março tenho certeza que estaremos com a folha de pagamento em ordem”, garante. 




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