Elton acaba de entregar seu 33º álbum, 'Wonderful Crazy Night'. Há nele um certo contraponto aos anteriores, o introspectivo 'The Diving Board' (2013); o belo e sombrio 'The Union', com Leon Russel, (de 2010), e o nostálgico 'The Captain and the Kid' (2006). Os anteriores, outras surpreendentes janelas por onde entraram luz e ar fresco na carreira de um homem que poderia estar se acolhendo nas memórias afetivas, são 'Peachtree Road' (de 2004) e 'Songs From the West Coast' (de 2001), fechando duas décadas de uma retomada ao piano orgânico que havia se perdido nas superproduções das décadas de 1980 e 1990.
'Wonderful Crazy Night' retoma a força de criação vigorosa com a qual Elton criou músicas como o soul 'Philadelphia Freedom', nos anos 70, ou o rythmn and blues 'I Guess That's Why They Call it The Blues', nos 80. É o outro extremo do suicida em potencial que tentou dar fim à própria vida colocando a cabeça dentro do forno de sua cozinha para depois compor 'Someone Saved My Life Tonight', que fez 'Empty Garden' em prantos para a memória do amigo John Lennon ou que traficou 'Candle in the Wind' de sua inspiradora original Marilyn Monroe para imortalizar o funeral de Lady Di.
A capa do novo álbum diz o que esperar: cores, movimento, despudor e groove. Não haverá um novo hit, mas o peso de seu piano está ali, fresco e sem recursos de autoplágio. A primeira canção, que batiza o disco, é um chamamento suingado às perdições das festas de 1970. "Um rádio zumbindo em todos os carros / E a sensação de que os relógios pararam", diz a letra de Bernie Taupin. Seu parceiro em todas as canções que o ajudaram a vender 450 milhões de discos pelo mundo volta para assinar as letras. 'In The Name Of You', outro rock and roll de pegada dura, fala com pesar, querendo reivindicar o sucesso ao pobre músico de rua: "Eu poderia ir em frente e reivindicar em seu nome". 'Looking Up' é outra para as pistas, mas fecha um conjunto que deixa evidente uma fragilidade na poesia de Taupin. Ele não cria mais personagens cinematográficos como fez brilhantemente nos anos 70 e 80. Apenas fala a seu modo metafórico o que já foi dito.
Elton tem a seu lado o baterista Nigel Olsson e o guitarrista Davey Johnstone, estranhamente festejados como se estivessem retornando ao berço. O fato é que nunca deixaram de tocar com Elton. Olsson, considerado pelo mutante Arnaldo Baptista como "o melhor baterista do mundo" provavelmente pela forma pura como conduz o tempo de Elton valorizando cada toque de caixa, sem enfeites, está ali desde o primeiro disco, 'Empty Sky', de 1969. O novo álbum está sendo vendido tanto em versão padrão, CD com dez faixas, quanto na edição de luxe, que traz duas canções adicionais: 'Free and Easy' e 'England and America'. Outro modelo é o super de luxe, com um CD e um LP com quatro faixas extras, além de um livro de 20 páginas com fotografias e as letras das músicas. O material está no site oficial de Elton John.
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