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Diadema abandona ambulâncias do Samu

Gestão Lauro encosta 3 viaturas no estacionamento do Poupatempo sem aval do Ministério da Saúde

Leandro Baldini
Do Diário do Grande ABC
23/01/2016 | 07:00
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Claudinei Plaza


Sem autorização do Ministério da Saúde, três ambulâncias do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), estimadas em R$ 300 mil, foram abandonadas pelo governo do prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV), na parte de trás do estacionamento do Poupatempo, localizado na Rua Amélia Eugênia, no Centro.

Os veículos apresentam sinais de deterioração, principalmente na parte dianteira, onde alguns faróis foram arrancados e há alguns amassados na lataria. Muita sujeira e folhas cobrem as ambulâncias, comprovando abandono. A equipe do Diário esteve ontem no local, por volta das 11h, e constatou também fragilidade na segurança dos automóveis, embora estivessem lacrados. Não havia qualquer fiscalização nas proximidades.

O Ministério da Saúde permite que ambulâncias sejam devolvidas ou reutilizadas, desde que haja autorização de técnicos da Pasta. Segundo a União, o pedido de redirecionamento de uso das unidades foi feito pela Secretaria de Saúde de Diadema, comandada pelo ex-prefeito José Augusto da Silva Ramos (PSDB), mas a autorização não foi dada “em razão de pendências no envio de documentos por parte do município”. “Assim que recebermos os documentos pendentes, a solicitação voltará a ser analisada”, argumentou a Pasta.

As viaturas são o modelo Renault Master, cujo preço de mercado varia entre R$ 80 mil a R$ 100 mil. Os equipamentos adicionais de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) acoplados nos veículos estão avaliados em R$ 20 mil. Ou seja, somados os valores das três ambulâncias abandonadas com os utensílios internos, R$ 300 mil estão sem uso no espaço localizado na região central de Diadema.

O Samu foi instituído pela União em 2003. As despesas de custeio são de responsabilidade compartilhada, entre União, Estado e município. “As viaturas são doadas pelo ministério às administrações. A cada três anos, o gestor pode solicitar o envio de novos carros, podendo deixar os antigos na reserva ou para uso de outra modalidade, após descaracterização total do padrão Samu”, adicionou a Pasta federal, exemplificando que os carros podem virar vans escolares ou de utilização administrativa.

Segundo o Ministério da Saúde, o governo Lauro recebeu, para custeio do serviço, R$ 276,8 mil por mês, o que dá total de R$ 3,3 milhões ao ano. “Os repasses estão regulares.”

Por nota, o governo Lauro justificou que os veículos “estão desativados em decorrência do tempo de uso e estão recolhidos no prédio do almoxarifado central da Saúde”. Não detalhou prazos para resolver situação, desde quando os veículos foram encostados nem o ano de fabricação dos carros. A gestão informou que há 12 ambulâncias atendendo a cidade, número dentro da legislação que regra o assunto.

PROBLEMAS
O Diário mostrou em maio a história da auxiliar de limpeza Ildete Nogueira de Figueiredo, 50 anos, vítima de AVC (Acidente Vascular Cerebral), há três anos. Com locomoção limitada, chegou a aguardar até quatro horas por ambulância cedida pela Prefeitura de Diadema para sessões de fisioterapia no Hospital Mário Covas, em Santo André.  




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